terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ainda a “Crucifixão” de Grünewald

“O corpo de Cristo é gigantesco; atrozmente mortificado, eriçado de espinhos, tem os traços esverdeados da decomposição. Os pés estão deformados e as mãos são, por si mesmas, a expressão mais genial da dor física. Este cadáver parece rivalizar em horror com a visão que santa Brígida descreve nas suas Revelações: «Os seus olhos, as suas orelhas e a sua barba escorriam sangue; as suas mandíbulas estavam relaxadas, a boca aberta, a língua sanguinolenta. O ventre, puxado para trás, tocava nas costas como se já não tivesse intestinos»” (Manuel Jover).

Alguns historiadores afirmam que Grünewald conhecia os escritos da mística sueca. Há também quem diga que as feridas deste Cristo pintado por volta de 1512 não são mais do que sinais da sífilis que então grassava na Europa e da peste bubónica do séc. XIV, ainda presente na memória colectiva. Noutro ponto li que os monges deste mosteiro tinham fama de curar doenças da pele. “Aquilo que fizerem ao mais pequeninos é a mim que o fazem”.

Uma precisão: o quadro foi descoberto, de facto, no final do séc. XIX e levado para Munique em 1917; é a partir desse momento que a sua influência alastra. Actualmente o retábulo está no mosteiro de origem, St.o António em Isenheim.

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