quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Kim Dae-jung, um político que era católico

Morreu no dia 18 de Agosto o antigo presidente sul-coreano Kim Dae-jung. Li a notícia no “Público”, pouco mais do que uma breve, e interroguei-me se não era este o primeiro presidente coreano católico. Tinha uma vaga ideia disso, mas o texto era omisso e os nomes coreanos, para nós, são muito parecidos uns com os outros. A notícia dizia que Kim Dae-jung tinha sido o primeiro presidente a visitar Pyongyang, que recebera o Nobel da Paz e que no último discurso presidencial defendera a reunificação da pátria para pôr termo à tragédia nacional da separação.

Mas num outro meio de comunicação li um texto sobre as referências na imprensa chinesa (sim, chinesa) sobre a tristeza do Papa pela morte do presidente sul-coreano. “Se o Papa está triste é porque morreu uma ovelha do rebanho”, pensei.

E assim é, de facto. No UCA News (aqui) pude aceder a dados curiosos. O que morreu aos 85 anos, de ataque cardíaco, depois de ter sido hospitalizado por causa de uma pneumonia, fora baptizado em 1956 como Thomas More Kim Dae-jung. Tinha então 31 anos. Dois anos antes iniciara a carreira política. Não terá sido por acaso, por isso, que escolheu o nome cristão de Tomás de Moro, o chanceler e mártir inglês do séc. XVI que em 2000 seria proclamado por João Paulo II patrono dos políticos.

Duas vezes exilado, Kim Dae-jung sobreviveu a duas tentativas de assassínio e livrou-se da pena de morte graças à intercessão da comunidade internacional e do Papa João Paulo II. A ditadura militar acabou por libertá-lo em 1982.

Numa entrevista à UCA News em 1993, Thomas More Kim Dae-jung disse o seguinte: “Todas as minhas provações do passado – prisão, detenções frequentes, torturas, exílios forçados – aconteceram no processo da obra redentora de Deus, e neste sentido, também eu participei na salvação de Deus”.

Compreende-se a tristeza de Bento XVI. Morreu um político que era católico.

Kim Dae-jung foi presidente da Coreia do Sul de 1998 a 2003. Em 2000 recebeu o Nobel da Paz pelos esforços de reconciliação das duas Coreias.

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