“«Osservatore Romano» aprova filme de Harry Potter”, diz uma notícia do “Público” de 15 de Julho passado. A notícia não assinada refere que a propósito da estreia do filme “O Príncipe Misterioso” o Vaticano mudou de ideias, visto que em 2003 Ratzinger (ainda cardeal) escrevera que os livros de Harry Potter continham “seduções subtis” que poderiam corromper jovens cristãos. Já o novo filme, diz o jornal do Vaticano, “alcança um ponto de equilíbrio correcto”, graças a “uma clara linha de demarcação entre os que trabalham para o bem e os que praticam o mal”. O “Osservatore Romano” considera “O Príncipe Misterioso” o melhor filme baseado nos livros de J.K. Rowling, ainda que lhe falte “uma referência ao transcendente”.
Foi referido neste blogue um número da “Communio” que fala de “Imaginários contemporâneos” e dedica um artigo à “boa utilização da literatura fantástica”, por Suzanne Bray, referindo em concreto as obras de C.S.Lewis (principalmente as “Crónicas de Nárnia”), de J.R.Tolkien (“O Senhor dos Anéis”) e de J.K.Rowling (“Harry Potter”).
Suzanne Bray sintetiza em quatro pontos as razões “que podem impulsionar os responsáveis pela educação cristã a servirem-se da literatura fantástica nas suas estratégias pedagógicas”. Resumo-os:
1) A literatura fantástica (LF) pode ajudar a compreender aspectos difíceis da teologia cristã;
2) A LF torna a luta espiritual e a consagração mais atractivas ao sublinhar a doação de si mesmo para vencer o mal;
3) A LF oferece vocabulário, imagens e referências culturais para explicar a fé aos que estão afastados da cultura cristã;
4) A LF pode ensinar os jovens a ler de forma crítica mensagens ideológicas ou propagandísticas que fazem parte do quotidiano.