Com João XXIII, entramos numa segunda geração de encíclicas sociais. A primeira foi a de Leão XIII (com a “Rerum Novarum”) e Pio XI (com a “Quadragesimo anno”). Leão XIII dá-se com a “questão operária” (a exploração dos trabalhadores na revolução industrial), Pio XI debate-se com a “questão social” (o reconhecimento da extensão dos problemas económicos a toda a sociedade).
Pio XII (Papa de 1939 a 1958), na imagem, não escreveu encíclicas sociais. O seu magistério social está explanado principalmente em duas radiomensagens. Era um Papa que não hesitava em usar os meios mais modernos para a difusão da mensagem cristã, tendo escrito esperançados textos sobre o cinema e a televisão e usando a rádio com abundância. Na mensagem radiofónica de 1 de Junho de 1941, intitulada “A Solenidade de Pentecostes”, por ser dia de Pentecostes, comemora o 50.º aniversário da Rerum Novarum, a “Magna Carta” da actividade social cristã. Em plena II Guerra Mundial, o ambiente não era propício para acolher uma encíclica. Pio XI usa o meio de propaganda preferido das potências em conflito. “O que para muitos é arma de combate, para nós transforma-se em instrumento providencial de apostolado activo e pacífico”, afirma aos microfones da Rádio Vaticano (criada por Pio XI). Na mensagem, fala do direito natural ao uso dos bens materiais, do direito ao trabalho, do direito das famílias a emigrar (direito ao “espaço vital”)…
Noutra mensagem radiofónica, no sexto Natal da II Guerra Mundial (24 de Dezembro de 1944), talvez a mais interessante politicamente, já após a queda de Mussolini, mas antes da morte de Hitler (suicidar-se-ia no dia 30 de Abril de 1945), Pio XII defende a implantação do sistema democrático: “Perante o Estado e os governantes, [os povos] adoptaram uma nova atitude, interrogante, crítica e desconfiada. Ensinados por amarga experiência, opõem-se, impetuosamente, aos monopólios de um poder ditatorial, sem fiscalização e intangível, e exigem um sistema de governo mais compatível com a dignidade e a liberdade dos cidadãos” (BH 7).
Nas décadas seguintes, a Democracia Cristã viria a dominar o país transalpino, sendo o pontificado de Pio XII o mais politicamente interventivo.