quarta-feira, 8 de julho de 2009

Morreu o padre Barry

No dia 1 de Julho deste ano, com 97 anos, morreu o actor Karl Malden. Para a história fica que ganhou um Óscar de actor secundário pela participação em “Um eléctrico chamado desejo”. Pela participação em “Há lodo no Cais” (“In the Waterfront”) foi nomeado novamente para melhor actor secundário, mas não ganhou.

Karl Malden, filho de pais sérvios, tinha o nariz abatatado por ter levado com uma bolada, ou talvez uma cotovelada, num jogo de futebol americano. A parte do jogo é verdadeira. A da causa próxima é incerta. Creio ter lido que foi uma bolada, num jornal do dia seguinte à morte, mas não pude confirmar.

No DN de 4 de Julho, na última coluna do jornal, Ferreira Fernandes refere um pormenor que mostra a grandeza de Malden. Baptizado Mladen Sekulovich, mudou de nome para ser actor. Vê-se de onde provém o “Malden”. O nome próprio deu origem a apelido.

O seu pai, emigrante sérvio em Chicago, não gostou da mudança, pelo que, quando Malden se tornou famoso, passou a exigir que o nome Sekulovich fosse pronunciado nalgum momento do filme. É por isso que há um soldado Sekulovich em “Patton”, um preso Sekulovich em “O Homem de Alcatraz”, um sindicalista Sekulovich em “Há lodo no cais”… Remata Ferreira Fernandes: “Nos filmes de Karl Malden houve sempre um Sekulovich. Conheço poucos arrependimentos tão belos”.

Mas não era aqui que eu queria chegar, nem ao seu casamento duradouro. O “Público” diz: “Deixa a sua esposa Mona, com quem era casado desde 1938 num dos mais longos casamentos conhecidos em Hollywood, bem como duas filhas, três netas e quatro bisnetos”.

Aonde eu pretendo chegar é a isto: em “Há lodo no cais”, Malden faz de padre. Padre Barry, em concreto, um padre social, que lida com os sindicalistas e estivadores, amigo dos operários. Na verdade, o papel do padre Barry inspira-se na vida do padre John M. Corridan (1911-1984), um jesuíta que lutou contra a corrupção e o crime organizado nos portos de Nova Iorque. John M. Corridan deu origem a uma entrada na Wikipedia. Há lá mais informação. E há um livro escrito sobre o jesuíta. É o “Waterfront Priest”.


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