Karl Malden, filho de pais sérvios, tinha o nariz abatatado por ter levado com uma bolada, ou talvez uma cotovelada, num jogo de futebol americano. A parte do jogo é verdadeira. A da causa próxima é incerta. Creio ter lido que foi uma bolada, num jornal do dia seguinte à morte, mas não pude confirmar.
No DN de 4 de Julho, na última coluna do jornal, Ferreira Fernandes refere um pormenor que mostra a grandeza de Malden. Baptizado Mladen Sekulovich, mudou de nome para ser actor. Vê-se de onde provém o “Malden”. O nome próprio deu origem a apelido.
O seu pai, emigrante sérvio em Chicago, não gostou da mudança, pelo que, quando Malden se tornou famoso, passou a exigir que o nome Sekulovich fosse pronunciado nalgum momento do filme. É por isso que há um soldado Sekulovich em “Patton”, um preso Sekulovich em “O Homem de Alcatraz”, um sindicalista Sekulovich em “Há lodo no cais”… Remata Ferreira Fernandes: “Nos filmes de Karl Malden houve sempre um Sekulovich. Conheço poucos arrependimentos tão belos”.
Mas não era aqui que eu queria chegar, nem ao seu casamento duradouro. O “Público” diz: “Deixa a sua esposa Mona, com quem era casado desde 1938 num dos mais longos casamentos conhecidos em Hollywood, bem como duas filhas, três netas e quatro bisnetos”.
Aonde eu pretendo chegar é a isto: em “Há lodo no cais”, Malden faz de padre. Padre Barry, em concreto, um padre social, que lida com os sindicalistas e estivadores, amigo dos operários. Na verdade, o papel do padre Barry inspira-se na vida do padre John M. Corridan (1911-1984), um jesuíta que lutou contra a corrupção e o crime organizado nos portos de Nova Iorque. John M. Corridan deu origem a uma entrada na Wikipedia. Há lá mais informação. E há um livro escrito sobre o jesuíta. É o “Waterfront Priest”.