terça-feira, 14 de julho de 2009

DSI 13 - João XXIII e "the change", ou, como costumava dizer,"l'aggiornamento"

João XXIII, de quem se esperava que fosse um “papa de transição”, teve de facto um pontificado breve (4 anos), mas marcante para toda a Igreja, por causa do Concílio que convocou e pela aproximação ao povo da figura do “sagrada” do papa. Há páginas e páginas escritas com as histórias do “bom papa”. Uma delas, sem ser anedota, diz que João XXIII tinha uns binóculos para, do palácio papal, ver as pessoas na rua. Era uma forma de se sentir próximo do cidadão comum, num tempo em que o Papa estava num pedestal inacessível. João XXIII desceu do pedestal e os seus sucessores não voltaram a subir.

Os ensinamentos sociais de João XXIII foram igualmente marcantes. A “Mater et magistra” trata de alguns assuntos tradicionais, como o salário justo e ao direito de propriedade, mas introduz novos temas: a agricultura; a desigualdade no desenvolvimento dentro do mesmo país e em países diferentes; a questão demográfica; a dimensão mundial dos problemas; o papel dos leigos.

Mas João XXIII muda de registo em relação a Pio XII. Fala de socialização, da participação dos trabalhadores na gestão das empresas e do papel que o Estado pode desempenhar em matéria de assistência social. A diferença é grande em relação a Pio XII, que, em 1945, ainda que falando de um “certo regime totalitário” [a URSS], diz que constitui tentação para a mulher a “igualdade de direitos”, a “assistência durante o período da gravidez e do parto, as cozinhas comuns e outros serviços que a libertem dos fardos domésticos, creches públicas (…), educação sem propinas, assistência no caso doença…” João XXIII, quase 20 anos volvidos, reconhece como aspecto positivo “o estabelecimento dos sistemas se segurança social” (MM, 48) na Europa do pós-guerra.

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...