Perguntaram um dia ao pianista Arthur Rubinstein se ele acreditava em Deus. E ele respondeu: “Não. Eu não acredito em Deus. Acredito em algo ainda maior”.
A frase do pianista polaco de origem judaica (ou será judeu de origem polaca?) tanto pode revelar descrença como uma fé profunda. E tanto podemos pensar no que pensa o pianista como no que vulgarmente podem pensar aqueles que dizem acreditar em Deus.
Mas se a trago para aqui é porque com ela parece que sai reforçado o velho argumento de Santo Anselmo, o “argumento ontológico”, na designação de Kant.
O argumento diz basicamente que “aquilo maior do que o qual nada se pode pensar não pode existir apenas no intelecto”. Por várias razões, o argumento é inválido, embora ao fim de mil anos continue a enfeitiçar a mente.
Mas talvez o argumento anselmo-rubinsteiniano tenha validade: Deus é maior do que as nossas concepções de Deus. (Mas, afinal, é disto que os místicos sempre falaram).
A foto diz: "Dear Emil, from my heart, your old friend Arthur Rubinstein" 1960. Encontrei-a aqui.