J. A. Azeredo Lopes, presidente do conselho regulador da ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social), no “Público” de hoje escreve uma crónica que começa assim: “Quase todos conheceremos, suponho, a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32), das mais difíceis de «aceitar» à luz de critérios puramente racionais. Na verdade, por que motivo tanta alegria por uma boa acção conseguir apagar, de uma penada, uma série de patifarias? Talvez seja essa, admito, a grandeza da mensagem”.
Com este texto, Azeredo Lopes quer atingir José Pacheco Pereira, habitual crítico da ERC. Li por alto o texto do presidente da ERC e não encontrei mais nada de interessante para referir aqui. Mas é suficiente o que diz da parábola. “Tanta alegria… por… uma série de patifarias…” É a alegria de Deus não pelas patifarias, mas pelo regresso dos humanos. Tem toda a razão. Vai contra os critérios racionais.
O pai, que para correr em direcção ao filho tem de levantar a túnica e mostrar os pés, torna-se motivo de troça. “Olha o Sr. Fulano de Tal a mostrar os pés, os tornozelos… Que vergonha. E ainda por cima vai fazer uma festa ao filho que tanto o desonrou”. O filho que regressa ao pai. O filho que inverte o caminho de autodestruição. O pai que aguarda e recompensa o filho. O irmão invejoso (e justo). Os critérios racionais esgotaram-se na atitude do filho querer a herança em vida. Nada mais lógico. “Agora é que preciso da herança”. A partir daí tudo é graça. E a graça não é necessariamente racional.
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