A Trindade é Pluralidade. É origem de todas as confusões tentar explicar Deus. Mas se nos dizem que é Trindade, ainda que em Unidade, temos de concluir que é também Pluralidade. Mesmo correndo riscos.
Diz Bento Domingues que Leonardo Boff “recordou, de forma esquemática, que o monoteísmo a-trinitário serviu para justificar o totalitarismo, a concentração do poder numa única pessoa, quer política quer religiosa”. Julgava que a associação era anterior a Boff por ter lido um artigo da Concilium, algures nos anos 70-80, que dizia que Constantino tendera para o arianismo (do padre Ario) porque, fazendo proceder o Filho do Pai, lhe parecia mais propício para justificar o seu poder imperial. Arianismo teológico e arianismo político. Por outra palavra, absolutismo.
Mas o cristianismo é trinitário. Um só Deus, mas comunidade. O nosso monoteísmo é plural. Tal como não temos um único livro, mas quatro – os Evangelhos. Quatro e diferentes na unidade (e com contradições saudavelmente insanáveis).
As três pessoas divinas e os quatro evangelhos são fonte de confrontos, de discussões, de tensões (outra forma de referir as emanações da teologia clássica?). Penso em Deus, ainda que “pensar” não seja o melhor para fazer sobre Deus, como autoridade (o Pai Criador), liberdade (o Filho Redentor) e criatividade (o Espírito Santificador). A criatividade é a forma de ultrapassar a tensão, ainda que só latente, entre autoridade e liberdade.
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