sábado, 5 de julho de 2014

"Simplificações", diz Vasco Pulido Valente das opiniões do Papa sobre os pobres e a pobreza


Do "Público" de hoje.

7 comentários:

Anónimo disse...

É evidente que a afirmação de Bergoglio tem tudo menos de histórico ou filosófico, e nem sequer tem pertinência ideológica, está mais ao nível do que o papado nos tem habituado desde João XXIII, com algumas excepções no caso de Bento XVI: propaganda para as massas e comunicação social. É a pastoral e a nova evangelização. Isto é que é a grande influência da Igreja Católica, e isso sim, poderia dizer-se que toda a modernidade ocidental a sacou da milenar experiência da Igreja. Nesse sentido, toda a internacionalização ideológica e económica tem ligações históricas com a Igreja Católica, na concórdia e disputa ideológica, religiosa e política.

O proletariado não são "os pobres". Por razões histórico-filosóficas, Marx não doa potência revolucionária nem ao campesinato nem ao "lumpen-proletariado" (esses sim, poderiam ser "os pobres": desempregados, disfuncionais, delinquentes, etc). Pulido vê bem: é a desapropriação de si (alienação) que caracteriza o operário do séc. XIX, aliado à força laboral que depende dele (a força da greve moderna ilustra bem esta força) que constitui o proletariado como potência e consciência revolucionária.

"Os pobres" aqui está mais ao nível da manipulação emocional vista no video mais abaixo de Bergoglio saindo por breves instantes da sua limusina (seja o actor sincero ou não); no sentido teológico, é até um uso indevido da "pobreza evangélica", com os seus sentidos paradoxais (o sermão da montanha, por exemplo).

Quanto à coisa de Pulido com os jacobinos, é um ódio de estimação sua e de muitos: relativamente à propriedade e força financeira enquanto dinâmicas de opressão e alienação, faria até mais sentido falar de Jacques Roux ou Baboeuf; mas isso é outra história.

alexandre

Anónimo disse...

O que os senhores comentadores parecem ignorar é o contexto destas afirmações: a acusação, dirigida a Francisco, de, em consequência das suas assunções de posição acerca da pobreza e os perigos do desvario capitalista, ser, e cito de memória, "um socialista, um comunista, um marxista". O que Francisco fez, e bem, foi usar as palavras a si dirigidas para, no mesmíssimo "comprimento de onda" dos seus detractores mostrar-lhes algumas evidências.

Miguel disse...

A “bandeira” dos pobres, só deveria envergonhar, quem a ergue, e com a agravante de estar convencido de possuir o monopólio da caridade! E “ignorar” o quê! Que o acto de praticar o bem, é muito anterior ao próprio Cristo e ao cristianismo ou outra religião ou ideologia politica qualquer! Cristo vem , isso sim, aperfeiçoar e caridade, que era também riqueza humana de uma parte da sociedade, que nada tinha a ver com o meio religioso ou politico que vergonhosamente ainda hoje usam essa bandeira, como arma de arremesso! Haja algum decoro!

Anónimo disse...

Ó Miguel trata-te! Haja decoro…

Miguel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Miguel disse...

Eis… mais cristalina não poderia ser…, aí está ela, essa pobre resposta repetida tantas vezes, naqueles que não se curaram ainda da CULPA, uma doença que tem muitos rostos! Na verdade, quando tal enfermidade não está curada, os sintomas denunciam-se sempre na acção neurótica e na ideia, de se estar convencido, que somos os únicos a ter o monopólio da força de puxar as redes do bem, não precisando para nada dos outros, como aconteceu com Pedro, nas margens de Tiberíades, (João 21)! Bom, pelo menos da enfermidade da cegueira, não sofro, ó 5:40 da manhã!

Miguel disse...

Não retiro uma palavra do que disse ali com toda a consciência! Vou apenas clarificar alguns pontos, que partem de uma frase que está dentro do contexto de uma entrevista de Francisco, algo que me deixou estupefacto, não surpreendido... não conhecera eu os homens…Francisco antes de ser papa é um homem e eu também!

“Eu digo apenas que os comunistas nos roubaram a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã.” (Papa Francisco)

“A bandeira dos pobres é cristã”!!! E alguém pode alguma vez roubar um dom ao outro! Mas que absurdo! É nesse contexto que escrevi o comentário inicial, e quando me referi ali aos que erguem essa bandeira, de facto, falava dos dois lados envolvidos na questão, (religião e politica)! O Papa Francisco é um irmão que respeito e amo profundamente, mas não será por isso que deixarei de usar a crítica fraterna quando discordo de algo como o que ali foi dito por ele, assim como estou aberto a ela também, venha ela de onde vier. Entre irmãos, não se coloca esse problema, pelo menos para mim, e isso não elimina o respeito pelo outro! Antes do Papa, está primeiro o Irmão, e ninguém está acima da Verdade!

Quanto à origem do “bem”, como cristão, acredito de facto que ele é própria essência de Deus, plasmado depois na essência do ser humano, logo no início da Criação, muito anterior a qualquer religião ou ideologia política e outras vias… Jesus Cristo, o seu Filho, vem, depois, isso sim, clarificar e aperfeiçoar esse mesmo bem já existente no meio dos homens, crentes e não crentes, traduzindo-o em Amor!

Outra coisa são os motivos pelos quais realizamos ou usamos esse bem… e é isso que ficou ali "perigosamente" exposto, nessa frase de Francisco…!

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