sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Santo Padre, renuncie à renúncia

Enrico Maria Radaelli

Um leitor escreveu: "Já coloquei no meu carro um autocolante a dizer: «Reelejam Bento XVI»" (nos comentários daqui). Não era ironia. Não é o único triste, inconformado, sei lá se desorientado com a renúncia de Bento XVI. Tem havido uma ou outra manifestação nesse sentido. Eu imaginava que seriam mais em vez do coro de aplausos.

O apelo mais contundente vem de Itália. Enrico Maria Radaelli pede, em 13 páginas, que o Papa renunciE à renúncia. "Por que o Papa Ratzinger-Bento XVI deveria retirar a sua renúncia. Ainda não é o tempo de um novo Papa porque seria um anti-papa". Ler em italiano aqui.

Das notícias Unisinos retirei alguns parágrafos da antirrenúncia.

A renuncia “não é permitida metafísica e misticamente, porque na metafísica está ligada ao núcleo do ser, que não permite que uma coisa, simultaneamente, seja e não seja, e na mística está ligada ao núcleo do Corpo místico que é a Igreja, para a qual a vicariedade assumida [pelo sucessor de Pedro] com o juramento da eleição coloca o ser do eleito em um plano ontológico substancialmente diferente do deixado para trás: no plano mais alto metafísica e espiritualmente do Vigário de Cristo”. 
“Não considerar estes fatos é, na minha opinião, um golpe mortal ao dogma. Renunciar é perder o nome universal de Pedro e retroceder ao ser privado de Simão, mas isto não pode acontecer, porque o nome de Pedro, de Cefas, de Rocha, é dado em um plano divino a um homem que, recebendo-o, já não faz só a si mesmo, mas ‘faz Igreja’. Sem contar que ao o papa que renunciou não poder na realidade renunciar, o papa que o sucede, apesar disso, só poderá ser um antipapa. E quem reinará será ele, o antipapa e não o verdadeiro papa”. 
“A consideração final é, portanto, a seguinte: o papa Joseph Ratzinger-Bento XVI não deveria renunciar, mas desistir de sua suprema decisão reconhecendo o caráter metafísica e misticamente irrealizável e, por conseguinte, também legalmente inconsistente. Deste modo, não é a renúncia, mas a retirada da mesma, que se converte em um ato de sobrenatural coragem, e só Deus sabe o quanto a Igreja necessita de um papa sobrenaturalmente, e não humanamente, corajoso. Um papa que seja aclamado não pelos ‘liberais’ de toda a terra, mas pelos anjos de todos os céus. Um papa mártir, além disso, um jovem leão do Senhor, leva mais almas ao céu que cem papas que renunciaram”.

1 comentário:

Anónimo disse...

A frase "um papa que seja aclamado não pelos ‘liberais’ de toda a terra, mas pelos anjos de todos os céus. " é plena de força e beleza. Sei que Bento XVI foi um Papa assim, espero que o Papa eleito em Março seja também assim.

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