segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"Maratona de amor"?

Excerto do texto de Alberto Gonçalves no DN de ontem (domingo, 19 de agosto). Tirado daqui.
A maratona de amor 
Quem foi o orador que, defronte de milhares de pessoas, pediu uma "maratona de amor" contra o "capitalismo desgovernado" (e contra a "justiça negociada", a "saúde economizada" e a "educação parcial")? Sem referências adicionais, eu responderia Abbie Hoffman em 1967 e na Virgínia, durante a marcha para a levitação do Pentágono. E falharia: o orador foi D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, no Santuário de Fátima em 2012. Mas não é curiosa a mera plausibilidade do equívoco? 

Eu acho que é. Com crescente frequência, ou pelo menos com crescente notoriedade, certa Igreja deu em adoptar um discurso difícil de distinguir do de um hippie clássico ou, descontadas certas incongruências, do de um líder "moderno" da nossa esquerda radical. Aliás, a versão caseira da Teologia da Libertação e os franciscanos tendência Louçã (ou, consta, tendência Semedo) encontram-se tão próximos que é uma pena permanecerem separados na luta afinal comum e não se encontrarem de vez. 

Porém, nada está perdido. Basta que, por um lado, os sacerdotes abandonem cismas antigas como o aborto, que D. Ortiga também condenou de um modo algo incongruente com a desejada "maratona de amor", a qual, no sentido em que os simples pecadores a entenderão, é altamente propícia a gravidezes indesejadas e nociva para os valores familiares. Por outro lado, importa que a extrema-esquerda enterre os tiques avessos ao catolicismo institucional. Se a fúria marxista convive muito bem com a fé religiosa no caso do fundamentalismo islâmico, nada lhe impede o entendimento com os pontífices católicos mais engajados. 

Na hipótese de chegarem a acordo, a Igreja ganha consistência ideológica, a extrema-esquerda ganha audiências. E embora ninguém ganhe juízo, em Portugal não se pode pedir o impossível: só maratonas de amor e coisas assim prosaicas e vitais.

4 comentários:

maria disse...

O A. Gonçalves só escreve cretinices. Mas o arcebispo foi bem infeliz nesta tirada.

Anónimo disse...

Quem é o autor deste artigo? Algum adepto dos livros teológicos pré-conciliares (diria quase que mesmo pré-Niceia) como os que por aqui andaram a defender o demo e os que não são (repare-se bem que coloquei um "não" antes do "são") vaidosos?

Américo Mendes

Anónimo disse...

Marto, Cordeiro, Clemente e pouco mais. O resto é preciso ter cuidado pois senão é só... bacouradas. Exemplo: Torgal.

Anónimo disse...

Hahahahaha...

O Américo fez-me rir ao dar-me a recordar a quase que idolatria dessas pessoas para com algo que não existe e alguém que nem merece ser recordado.

Obrigado pela risota...

Fernando d'Costa

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