É decisivo recordar que «perder [a vida]» significa
substancialmente «saber dar» e não certamente «para deitar fora a vida» ou
«malbaratá-la».
Não é assim tão evidente. Antes, parece que basta evocar a
palavra “cruz” para nos evocar um contexto de dor e negatividade, de maneira
que a expressão “levar a sua cruz” equivale quase sempre a “resignar-se ao
inevitável”, “sofrer sem lamentar-se”. Pode-se mesmo chegar a determinados
casos extremos, não muito raros, que levam a uma suspeita sistemática do prazer
e a procurar autocastigar-se quando parece que as coisas correm demasiado bem.
Deve-se reconhecer que há uma forma incorreta de entender a
cruz, que empobrece e reduz o seu significado e produz uma visão sofrida e
tétrica do cristianismo, onde a fé, em vez de funcionar como força dinâmica e positiva,
leva a que a pessoa se dobre sobre si mesma, numa atitude lamurienta e
vitimista, que é tudo menos a resposta a um «bom romance». (…) Porque há
realmente uma saída.
Domenico Pezzini, "As feridas que curam. Reflexões
sobre a Paixão e a Páscoa" (Paulinas), pág. 13-14
Sem comentários:
Enviar um comentário