quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ricardo Sá Fernandes, cristão e maçon?

Ricardo Sá Fernandes confessa-se maçon e cristão, no "Público" de hoje. Não sei como consegue conjugar as duas pertenças. Penso, como há dias disse D. José Policarpo e a Igreja tem dito, que as duas facetas não são conciliáveis. Um delas fica a perder.

Abstenho-me de pensar qual delas sofre no caso deste advogado tão mediático, tão envolvido em casos sonantes, quando em alguns deles parece que a estratégia é usar os expedientes da lei para que não se faça justiça. Cumpre-se o direito, mas não sei onde fica a moral.


8 comentários:

Anónimo disse...

Eu, Cristão. Se Jesus me pede para deixar mãe e pai para o seguir, quanto mais para deixar de ser de qualquer destas organizações dos homens. Nós não somos desta terra, não somos pertença de ninguem, e não nos ajoelhamos perante nenhuma outra potência. Os Cristãos pertencem a Cristo, seguem-no e nele confiam pelas Suas palavras de que é o caminho para chegar ao Pai, e assim crescendo, deixar para trás as obediências a mãe e pai, e quanto mais a estas instituições.

Anónimo disse...

Caríssimo anónimo do tempo 11:20,

- Como é que lê algumas frases ditas por Jesus sobre aqueles que Ele convoca?

- Siga a Cristo sózinho, e pode ser que Cristo não o esteja a "guiar" a si. Como pode confirmar que Cristo está consigo se o senhor não estiver com ninguém?

Cumprs,
PCampos

Anónimo disse...

Mas, eu estou com a Igreja, mesmo quando em desacordo, nunca disse que estava fora da Igreja ou sozinho no seu seguimento de Jesus, e faço parte de uma comunidade católica, nem todas as pessoas da minha familia são católicas, mas na minha familia também estou em comunhão.

Não percebi que frases disse Jesus sobre quem Ele convoca que poderão justificar a pertença e juras de obediência a instituições como a maçonaria, parece-me um caso de dois Senhores.

Com isto não quero dizer que não se possa ser Cristão e fazer parte de grupos, associações, instituições, partidos politicos, etc... Mas, ser Cristão é dizer desde logo que eu posso ser Engenheiro por vocação, fazer parte da Ordem dos Engenheiros, trabalhar numa empresa de engenheiros, e não deixar que estas "pertenças" temporárias se sobreponham ao eterno e á minha identidade como Cristão e Filho de Deus.

Há situações em que Deus me coloca e para onde me "guia" pela Sua voz, a minha vocação, e há sítios onde eu me coloco por vontade própria. não me parece que a Maçonaria seja uma situação de vocação cristã. Ou ser Comunista. Ou ser corrupto, imoral, etc...

Em que frases pensava?

Anónimo disse...

Que engraçado : já há maçons-velhos e maçons-novos...

Até nisto, copiam...

Anónimo disse...

Caro anónimo do 11:20,

Ao ter afirmado: «quanto mais para deixar de ser de qualquer destas organizações dos homens», pensei que referia igualmente a Igreja, pois esta, ainda que divinamente inspirada é igualmente humana.

Porém, se se considera como pertença à Igreja... Nada mais tenho a dizer...

No entanto, no que se refere à possibilidade de ser maçon e ser cristão, pelos vistos é possível.

Creio que já se compreendeu que há diversas Lojas maçonicas, com histórias diferentes e com ambientes diferentes.
Pelas palvras de Ricardo Sá Fernandes, o juramento da sua loja ser realizado com uma mão na Bíblia, tem um teor que desconhecia dos ambientes maçonicos, que aliás, sempre considerei como sendo adversos à Biblia e a Deus, pois geralmente Ele é visto como rival do homem.

Mas, havendo estas diferenças e posições connectadas, compreendo e creio que é possível ser maçon, como também é possível ser-se cristão e portista, cristão e padeiro, cristão e cientista, cristão e escuteiro, cristão e político, etc...
Quanto a ser cristão e corrupto ou imoral, o óptimo seria que não houvesse... Mas como humanos que somos, a verdade é que somos mtas vezes imorais e em certa medida, corruptos, e disso não tenho dúvidas.
Mas nem por isso deixamos de ser cristãos.

Cumprs,
Paulo Campos

Anónimo disse...

Concordo, pois não se pode ser SÓ Cristão sem se ser chamado a muitas outras "identidades", e nestes meios a ser fermento, luz e sal.

Sim, os cristãos também são corruptiveis e passiveis de actos imorais, mas como cristãos não é a corrupção e imoralidade que nos define, mas o querer viver limpo e longe das sombras.

A Igreja, com que já disse nem sempre concordar, nem me orgulhar de muitas das suas fases do passado, e numa das quais surge uma luta de poder com a Maçonaria, os Homens Livres, que para a Igreja tantas igrejas e mosteiros construiram pelo mundo fora, e em muitas delas deixando ao de leve a sua marca em simbolos macónicos escondidos nas pedras bem polidas.

Para mim, se for pedreiro, com as mãos calejadas de partir pedra, e se afirmar maçónico, posso acreditar que seja uma pessoa de bem e talvez até também cristão.

Mas estes "cristãos+maçons" de gravata e avental bordado, soa-me a falso iniciado, gente que sabe contar até dez mas não se dá ao cuidado e paciência de se dedicar a saber mais do que isso, talvez fazendo bem as contas, no fundo saberiam que uma coisa e outra não se adiciona bem, é como dividir por zero.

Mas também diria o mesmo de mim, que durante um tempo tentei conciliar ideais comunistas de redistribuição de riqueza, partilha do bem comum e até de renuncia a um Estado de mercado liberal, com os meus ideais cristão... mas no fundo um fica a perder, pois não se somam, não se complementam e não precisam um do outro.

Para mim basta ser cristão, depois católico, pai, esposo, filho, neto, engenheiro, catequista (já fui), apaixonado por Cristo e feliz pos saber que Ele me mostra o Pai, e este me responde nas dificuldades da vida diária.

Anónimo disse...

"quando em alguns deles parece que a estratégia é usar os expedientes da lei para que não se faça justiça."

vê-se bem que o autor deste texto não é jurista; vê-se bem que não conhece os meandros da "justiça" portuguesa. é que a lei prevê a existência de várias instâncias por alguma razão. mau advogado é aquele que cruza os braços perante injustiças quando tem meios legais para as travar. espero que nunca seja acusado (até injustamente) de nada, porque nesse dia, se for coerente em pensamento, vai ter que "amochar" com a primeira decisão que lhe imponham, quer haja nulidades, ilegalidades ou inconstitucionalidades. sim, porque nesse dia vai recambiado para a prisão que é para não haver cá "expedientes"

Jorge Pires Ferreira disse...

Claro que não sou jurista, caro amigo (advogado?) das 4h11. Bem sei que a finalidade das várias instâncias é servir a justiça para que se condene o culpado e se salve o inocente. Mas também pode servir exactamente para o contrário. Não é preciso ser jurista para ver isso. Por ser simples leitor e ouvinte de notícias (há umas semana, meses?, que não sou televisor de notícias) vejo que as questões processuais (os recursos, as inconstitucionalidades, a ilegalidade das provas, etc.) servem quase sempre aquele que aos meus olhos tem tanta culpa que é um escândalo não estar na prisão ou a cumprir qualquer outra pena. Não vou dar nomes, porque, veja lá, em acredito na justiça dos tribunais, e ao dizer nomes poderia estar a difamar.

Tem razão. Não sou e nunca saberia ser jurista. Porque a moral vale mais do que a lei. E a lei nem sempre serve a moral. Aliás, pelo que vejo, pouco se importa com a moral.

Espero que os juristas nunca traiam a moral e a verdade ao fazerem cumprir a lei.

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...