Dizem
que Jerusalém tem um estranho poder sobre quem a visita. Um pouco
como Florença em relação à arte, com a síndrome de Stendhal.
Amos Oz descreve num magnífico ensaio - “Contra o Fanatismo” -
como é a reconhecida doença mental chamada “síndrome de
Jerusalém”: “Uma pessoa chega, inala o ar puro e maravilhoso da
montanha e, de repente, inflama-se e pega fogo a uma mesquita, a uma
igreja ou a uma sinagoga. Ou então, tira a roupa, sobe a um rochedo
e começa a fazer profecias. Já ninguém escuta”.
Reli
o ensaio de Oz porque há dias o suplemento “Q” (DN de 21 de
janeiro de 2012) dizia que, “ainda hoje, são internados no asilo
da cidade cem paciente por ano sofrendo de síndrome de Jesusalém,
uma demênca devido à «excitação religiosa provocada pela
proximidade dos locais religiosos» da cidade”.
A
releitura foi elucidativa a outro título. Abordando o fanatismo
político e religioso da questão Isreal-Palestina, deixa uma dicas
úteis para construir desas contra o “gene fanático que todos
temos dentro de nós”: “sentido de humor, a capacidade de
imaginar o outro, e capacidade de reconhecer a capacidade peninsular
que existe em cada um de nós”.
Estes
itens mereceriam ser mais explicados. Imagino que, na Igreja, muita
da intolerância, algum do fanatismo e um certo anquilosamento
teológico resultam precisamente da falta humor e da incapacidade de
imaginar o outro.
Sem comentários:
Enviar um comentário