terça-feira, 17 de janeiro de 2012

10 factos do Vaticano pouco noticiados em 2011 (1.ª parte)

Em 2011 houve notícias relativas à Igreja Católica e ao Vaticano que obtiveram amplo destaque na imprensa internacional. A beatificação de João Paulo II foi uma delas. Outras foram claramente “sobrenoticiadas” – como o são geralmente os escândalos com figuras da Igreja. Mas há ainda uma terceira categoria de notícias: as que, sendo importantes, não obtiveram o devido espaço na imprensa internacional. John L. Allen Jr., do semanário católico norte-americano “National Catholic Reporter” selecionou dez factos subnoticiados (Top 10 under-covered Vatican stories). Moisés Sbardelotto traduziu.  Eu resumi.

1. Scola para Milão
O cardeal Angelo Scola, 70 anos, já era candidato papal antes da sua nomeação, no dia 28 de junho, para arcebispo de Milão. Durante o século XX, dois papas foram eleitos de Milão, Pio XI e Paulo VI, e vários outros arcebispos de Milão foram considerados formidáveis concorrentes. Scola, oriundo do movimento Comunhão e Libertação, é um feroz defensor da identidade católica, mas prefere pôr o acento “no que a Igreja é” em vez de “contra quem ela é”.

2. Átrio dos Gentios
O "Átrio dos Gentios" de 24 e 25 de março, em Paris, foi um grande sucesso no mundo de língua francesa. Organizado pelo Conselho Pontifício para a Cultura, presidido pelo hipererudito cardeal italiano Gianfranco Ravasi, o encontro levou cristãos, ateus e agnósticos a um sério diálogo. Um sinal do sucesso é que o reputado filósofo agnóstico francês Jean-Luc Ferry ficou tão impressionado que pediu uma reunião urgente com Ravasi para propor uma colaboração a dois sobre o Evangelho de João. O encontro de Paris foi o primeiro de uma série de "Átrio dos Gentios".

3. Assis
O encontro de 300 líderes religiosos na cidade natal de São Francisco, promovido por Bento XVI, no dia 27 de outubro, não atraiu um interesse semelhante ao que cercou a primeira cúpula inter-religiosa promovida pelo Papa João Paulo II em 1986. No entanto, assinalar com um encontro inter-religioso o 25.º aniversário do evento de João Paulo II foi, sem dúvida, algo de extrema importância pelo que simboliza: a convocação dos líderes religiosos do mundo em prol da paz não era simplesmente um capricho pessoal de João Paulo II. Pelo contrário, tornou-se parte do trabalho do papado, algo que os futuros papas deverão repetir.

4. A viagem ao Benim
Na ausência de um novo tumulto em torno dos preservativos e da Sida, a viagem de Bento XVI ao Benim, nos dias 18 a 20 de novembro, não foi uma sensação mediática. No entanto, os papas votam com os pés, ou seja, as suas prioridades pastorais e geopolíticas são muitas vezes reveladas pelos locais que escolhem para visitar. África é o segundo continente mais visitado depois da Europa. Bento XVI apresentou um documento contendo as conclusões de um Sínodo dos Bispos para a África, de 2009, constituindo um plano papal para o continente onde o catolicismo cresceu quase 7.000% durante o século XX, alertou para a corrupção e desafiou os bispos a arrumarem a sua própria casa em termos de responsabilidade, transparência e bom governo.

5. Viganò para os Estados Unidos
A nomeação do dia 19 de outubro do arcebispo italiano Carlo Maria Viganò como o novo núncio ou embaixador papal para os Estados Unidos tem um significado negativo e outro positivo. Durante o seu período no governo da cidade do Vaticano, Viganò foi uma reformador financeiro, instaurando procedimentos eficientes de contabilidade entre os pequenos feudos independentes do Vaticano. No entanto, não terminou o que começou. O facto de estar agora nos EUA significa que está posicionado para ajudar os bispos norte-americanos a seguir em frente na boa gestão do dinheiro, num momento em que se teme que os escândalos financeiros possam tornar-se o segundo “round” da crise dos abusos sexuais enquanto fonte crónica de desordens.

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