Quando despontarem
as primeiras luzes do Seu cortejo
ainda nos faltará
tudo:
o azeite na almotolia,
um alfabeto que
descreva com outra firmeza o azul,
formas indivisíveis
para este amor,
que só em
fragmentos
e numa gramática
imprecisa
conseguimos viver.
Quando despontarem
as primeiras luzes
estaremos talvez
longe:
à altura dos olhos
continuaremos a trazer a mesma indisfarçável solidão
as mesmas mediações
ilegíveis através do tempo
as mesmas demoras
tatuadas.
O Seu advento
encontra-nos sempre impreparados
e, contudo, este é
o momento em que
por puro dom se
nasce.
A Sua vinda
testemunha o que não sabíamos ainda:
a nossa frágil
humanidade é narração
da autobiografia de
Deus.
1 comentário:
Feliz Natal, Jorge.
Obrigada por este espaço e pela serenidade que por aqui se respira.
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