No "Público" de hoje. Realço o que diz Teresa Toldy sobre a diferença entre os tempos actuais e os tempos bíblicos quanto a autoria e consequentemente direitos de autor (final da quinta coluna da primeira página). Daí que falar em fraudes e falsificações não faça sentido quanto à atribuição da autoria a apóstolos, ainda que se deve distinguir as diversas fases da escrita dos textos e as introduções (indevidas) pós-apostólicas, coisa que a crítica textual tem feito com rigor, mais em relação aos textos bíblicos do que a quaisquer outros.
Neste contexto, será ainda de adiantar, por exemplo, que se atribui a Homero versos que são de autoria colectiva, ao ponto de alguns duvidarem da existência do poeta Homero. E que a diferença temporal entre Platão ou Aristóteles e os manuscritos mais antigos que temos das suas obras é maior do que a que diz respeito aos textos da Bíblia. Faria sentido, ainda, uma explicação sobre o conceito de verdade, mentira, falsidade, falsificação, deturpação, etc. na antiguidade. Claro que, com estas e outras considerações, o romance ganharia em verosimilhança e, provavelmente, alguns admiradores académicos, mas perderia em popularidade.
Uma última observação: não podiam arranjar outra imagem para ilustrar a peça?
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