Já há algum tempo que não ouvia falar de A. J. Ayer. Hoje
chega-me uma referência a este "ateu lógico" através de Julian Barnes, no seu “Nada
a temer” (pág. 89). Conta o escritor britânico que tem um amigo, P., que é
católico e é o único a quem, num grupo que se encontra periodicamente, podem colocar questões religiosas.
Exemplo: o que acontece depois da morte ou a abolição do limbo pelo papa
alemão. Acontece que P. é casado há quarenta anos com E. Apesar da fé convicta
de P., E. é ateia porque “aos treze anos mandaram-na viver – a maneira de
Daniel [bíblico] – no antro ateu do filósofo A. J. Ayer”. “Depressa ela perdeu
a fé e nem quarenta anos de exemplo conjugal conseguiram abalar-lhe o agnosticismo”.
Pois bem, a primeira vez que ouvi falar deste filósofo, que pouco
depois estudei por causa do positivismo lógico, foi em 1989. Ayer tinha acabado
de morrer (vi agora que morreu no dia 27 de Julho de 1989). Nas páginas do também defunto “O Independente”, no final desse ano, Maria Filomena Mónica escreveu
que um dos acontecimentos do ano foi o facto de, após ter sido dado como morto,
Ayer ter regressado à vida para dizer que não havia nada do lado de lá, para depois,
finalmente, morrer. Espero que em paz. Na altura não havia Internet, pelo que não pude informar-se sobre tais declarações. Não voltei a Ayer.
Maria Filomena Mónica, por seu turno, falando da morte, no
recente volume da Fundação Fundação Francisco Manuel dos Santos, faz uso do estilo
literário do “ateu que conta a sua educação religiosa e mostra como foi precoce
na sua certeza da inexistência de Deus”, aqui detectado. E isso, sim, é motivo para voltar a Maria Filomena Mónica.
1 comentário:
Deus tenha compaixão dela.
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