segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Nenhum deus é falso", diz Marinho e Pinto

Opinião do bastonário da Ordem dos Advogados no "Jornal de Notícias" de hoje. Anda a lembrar-se de muita coisa sem saber porquê. Para ler e criticar. Como dizia alguém, "concordo em parte totalmente e totalmente em parte". Mas onde está concordo também pode estar discordo.

E há erros factuais no texto de Martinho e Pinto. A Igreja continua a não aceitar a pílula para fins anticoncepcionais. A Grécia não é um país católico. Diversos países católicos - seja lá o que isso for - não estão em crise. E espero bem que nem todos os deuses sejam verdadeiros, a começar pelos deuses falsos. Talvez o bastonário tenha descoberto uma metafísica de verdade sem realidade.
  

7 comentários:

Anónimo disse...

Bom post. Estou totalmente de acordo. O senhor bastonario acabou com grandes calinadas, ou seja, borrou a pintura no final do seu artigo. Mas também se esqueceu de referir factos: deu para perceber nos meios de comunicação, sobretudo a Tv, que quem provocou foram grupos e movimentos políticos, alías no final dos encontros era grande a preocupação dos orientadores das celebrações em apelar à "desmobilização" no final de cada acto. Mas isso o Marinho Pinto "esqueceu-se" ou teve um ataque de amnésia no seu artigo

Vladimiro Moura disse...

Lembrei-me logo das palavras do bastonário da Ordem dos Advogados a enaltecer a Igreja pela ajuda que dá aos mais desfavorecidos nesta altura de crise, enquanto no mesmo discurso atacava o Governo por abrir as portas à crise com as chaves da corrupção. Na Igreja Católica não só trabalhamos a olhar para os homens que sofrem a miséria de uma vida humana, como para aqueles em que a miséria é interior, e talvez ainda pior. Por isso a Igreja toma tantas posições intransigentes em matérias morais delicadas, e que não se pode reduzir a apenas dizer "condena o uso do preservativo", é tão mais complicado do que só dizer condenar, porque não exaltar a vida, relações sexuais saudáveis, relações pessoais verdadeiras. Mas discordar na Igreja não quer dizer que precisamos de a reformar, refundar, saltar fora, procurar outra "igreja", outros deuses ou outras formas de oração, discordar é ficar e construir de dentro, ser pedra viva e partilhar inquietações, manter diálogos, isso sim é ser humilde. E nesta nossa Igreja Católica, tão depressa se sentam os santos numa Missa, como os maiores criminosos, e todos nós somos filhos e irmãos, partilhando uma filiação única com um único só Pai, um único só Deus, enquanto uns são os filhos mais velhos, outros os filhos pródigos, se um foi pecador, o outro que nunca pecou, em breve o fará. E tal como aqueles que em Espanha vociferaram contra os "jovens do Papa" insultos, também o bastonário Marinho e Pinto escreve de fora da Igreja, sem a humildade de se sentar à mesa com Católicos e perguntar porquê?, pois tanto ele como todos os outros já reduziram a Igreja da moral e do espirito à ideia de que se fecha, condena e persegue do alto da sua autoridade Petrina, e da Igreja só querem o pão para a Somália ou os pobres de Portugal. E mesmo depois de JPII ter pedido perdão, continuam a lembrar-se do pior que a Igreja teve no passado, e da Igreja se lembram rapidamente do pior que tem, sem se olhar a si próprios e para a sua própria história, que tal como a da Igreja, tem períodos piores, e mesmo nós todos somos num mesmo dia os melhores santos, e logo a seguir criminosos. Lembrem-se de que não só de pão vive o homem, e não se preocupem com o que se gasta em perfume para lavar os pés de Jesus e o acolher em casa.

Maria de Fátima disse...

Eu noto alguma (salutar) inquietação no nosso Bastonário, qual ponto de partida ...

maria disse...

Caro Jorge, obrigada por chamar a atenção para este texto do Marinho Pinto. Em princípio, não o leria. E estou de acordo com a comentadora Fátima: há uma salutar inquietação nele. Na reflexão sobre a Igreja e o saboroso último parágrafo.

Podemos até começar pelo seguinte: Pode-se atribuir a alguém a crença num Deus verdadeiro ou falso? como o determinamos?

E para o comentador que determina que para se questionar a Igreja tem de se estar "dentro" da mesma...indo por essa linha de argumentação, com que legitimidade o Papa se referiu em Madrid ao "Deus do silêncio" (é uma síntese minha, mas compreende-se ao que me estou a referir) que o mundo não revela?

Vladimiro Moura disse...

@Maria: Desculpe, não compreendi a última frase, ou questão, sobre a legitimidade das palavras do Papa sobre o "Deus do silêncio". E talvez não me tenha feito compreender nas minhas próprias palavras. Não é necessário estar "dentro" para dialogar e questionar; mas sem estar "dentro", eu não compreendo como será possível compreender toda a extensão e complexidade de problemas e questões, como por exemplo a ordenação de mulheres. Tal como será difícil para mim perceber a complexidade em mudar leis que não estou "dentro" do sistema Judicial. E o que apontava era mesmo isso, de que quem não está em Igreja, e claramente alguém que diz que "Nenhum Deus é falso" não está próximo da fé da Igreja Católica, acaba por reduzir estes problemas e questões a um plano humanista, sem o colocar dentro do plano histórico da Revelação, da Salvação, num plano de Vida Eterna. E quem nos dera a nós Católicos haver gente a bradar de "dentro" e de "fora": "Eppur Si Muove!", contra a censura e autoridades, desde que movidos pelo Espírito da Verdade, científica ou qualquer outra. Mas gritar e vociferar contra a Igreja e contra o que nela ainda está mal e precisa de ser trabalhado, sem meter mãos à obra, é o mesmo que eu estar sentado no meu sofá a ver um jogo de futebol e gritar com o treinador e jogadores, não serve de nada, pois eu não estou lá "dentro".

Vladimiro Moura disse...

@Maria: Desculpe, não compreendi a última frase, ou questão, sobre a legitimidade das palavras do Papa sobre o "Deus do silêncio". E talvez não me tenha feito compreender nas minhas próprias palavras. Não é necessário estar "dentro" para dialogar e questionar; mas sem estar "dentro", eu não compreendo como será possível compreender toda a extensão e complexidade de problemas e questões, como por exemplo a ordenação de mulheres. Tal como será difícil para mim perceber a complexidade em mudar leis que não estou "dentro" do sistema Judicial. E o que apontava era mesmo isso, de que quem não está em Igreja, e claramente alguém que diz que "Nenhum Deus é falso" não está próximo da fé da Igreja Católica, acaba por reduzir estes problemas e questões a um plano humanista, sem o colocar dentro do plano histórico da Revelação, da Salvação, num plano de Vida Eterna. E quem nos dera a nós Católicos haver gente a bradar de "dentro" e de "fora": "Eppur Si Muove!", contra a censura e autoridades, desde que movidos pelo Espírito da Verdade, científica ou qualquer outra. Mas gritar e vociferar contra a Igreja e contra o que nela ainda está mal e precisa de ser trabalhado, sem meter mãos à obra, é o mesmo que eu estar sentado no meu sofá a ver um jogo de futebol e gritar com o treinador e jogadores, não serve de nada, pois eu não estou lá "dentro".

maria disse...

Vladimiro, considero o termo "dentro" e "fora" redutores. Que sabemos nós da adesão de coração (vida)de cada um?
Mas ambos sabemos quais são as formalidades, mantenhamos as mesmas designações.
Deve ter conhecimento que, várias pessoas que estão "dentro", fazem as mesmas críticas que MP.
Está a desvalorizar (é uma tentação da Igreja, muito humana, diga-se)quem pensa de modo diferente. Justifica (até faz uma analogia que facilmente é contraditada)que é porque não conhecem todas as implicações.
Comecemos por um muito basilar: a não ordenação ao diaconado e presbiterado de mulheres é um atentado aos direitos de igualdade e não descriminação (considerando a carta dos Direitos Humanos).

No meu blog (passe a publicidade) explico o que leio sobre os "deuses" falsos ou verdadeiros, na frase de MP.

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