Quando se recuperou a missa em latim, segundo o ritual pré-Vaticano II, houve quem dissesse que não havia nada de estranho nisso, pois com multidões plurinacionais o uso da língua oficial da Igreja seria melhor para dar a ideia de catolicidade. Mas logo se tornou claro que a recuperação do latim (talvez dê jeito aos chineses, que andam a aprendê-lo) trazia agarrados outros ritos, paramentos velhos, rendas, luvas, arminhos e outras coisas que não deviam sair dos museus paroquiais e diocesanos. Não é conjuntural, é estrutural, como gostam de dizer os políticos.
Sinais há de que regressa também a teologia do sacrifício. A missa é mais sangue derramado no altar para aplacar Deus do que refeição partilhada em festa. O padre, de costas para o povo, é mais sacerdote e hierarca do que pastor e companheiro.
(Curiosamente, invoca-se que o padre age na vez de Cristo para dizer que uma mulher não tem tal similitude para ser ordenada – não estou a brincar, este é um dos argumentos contra a ordenação –, mas já não se defende que se se trata de oferecer um sacrifício na vez da Igreja, segundo o rito antigo, a mulher teria mais similitude para com a "mãe e mestra", que é a ecclesia, do que o homem...)
Regressa também a linguagem dos anjos e demónios, os sacrifícios feitos pelas crianças, a pureza ritual. Um dia destes será restaurado o limbo para as crianças que morrerem sem baptismo. Voltará a exigência de a mulher entrar na Igreja de véu. E já faltará pouco para se exigir o jejum integral antes da Eucaristia, se é que não é já exigido na chamada missa tridentina.
Agora vem o cardeal António Cañizares, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, dizer que “é necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos” (li aqui). Na realidade, o Papa só dá a Comunhão a cristãos de joelhos.
Cada vez é mais necessário recordar a frase mais repetida na Bíblia (talvez daqui a pouco também a não possamos ler livremente): “Quero misericórdia e não sacrifícios”.
31 comentários:
Sou um leitor diário do seu blog e desde já gradeço pela primeira vez este seu espaço de partilha aberta. Ao ler estes exemplos lembrei-me de uma recente homília, de um padre que disse que o recente falecido pai de uma missionária seria recebido de uma forma especial por Deus, por este como pai ter oferecido, por assim dizer, a sua filha ao Pai, a Deus, como missionária, com quem esta estará casada. Foi algo que me chocou ao ouvir, e numa partilha depois da missa, uma amiga que me acompanha também me confessava que se achou perplexa pela forma como o padre falou, em especial por ser um padre novo de idade, mas que transmitia só naquelas poucas palavras muitos pensares antigos Pré Concílio Vaticano II. Eu como casado, e leigo, católico praticante, não acho que a minha vocação seja em qualquer coisa diminuta a de um consagrado, pois a minha consagração é para com a minha vocação a ser esposo e pai, que me foi revelada por Deus, e também para com a minha esposa e filhos. Gostava de partilhar esta experiência, porque sinto o que muitas vezes expressa nas suas palavras, perplexidade por haver católicos que fecham a janela aberta pelo Papa João XXIII e assim voltam a fechar a Igreja ás brisas de ár fresco do Espírito Santo. E mais uma vez, obrigado pelo seu blogue.
Que se restaure a Missa Tridentida para quem quiser, é um facto positiva que honra o magno preceito da liberdade. O que preocupa é que se tente alargar a mentalidade que lhe subjaz a toda a Igreja. De facto, tudo isto é um recuo incompreensível. Quando o tempo caminha para o futuro, há pessoas que teimam em caminhar para o passado. Mas, no fundo, penso que tudo resulta da percepção de que nada disto faz sentido. Tão longe estamos de Cristo...na Igreja. Teremos de descer as escadas do Templo para reencontrar Jesus?
Quanto ao primeiro comentário, de facto há coisas que se tornaram habituais porque nunca foram questionadas. Tantas vezes, já ouvimos chamar ao Papa o filho predilecto de Maria, como se para Maria houvesse distinções entre os seus filhos. En, fim há Evangelho a menos e preconceitos a mais. Até quando?
Qualquer dia eu desisto. (Pequeno momento de fraqueza que quero acreditar passageiro. É que cair nesta tentação de me exasperar tanto com certas maneiras de estar em Igreja é esquecer-me, também eu, que o essencial é Cristo, o amor ao próximo e o amor do Pai. Mas há dias em que esta Igreja me dói particularmente.)
Não me desiludam mais por favor! AMEM-SE com verdade e tudo o resto vem por acréscimo.
A distância entre a Igreja e Jesus recebe mais uma pavorosa confirmação. Diz o cardeal Canizares: «É necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos». Será que já ocorreu a Sua Eminência que a Primeira Comunhão foi dada na posição de sentado? Na Última Ceia, os comensais não estavam de pé nem joelhos. O que está em causa não é, pois, a realidade, mas a interpretação (predominantemente sacrificial) que dela faz o magistério. O que importa não é a posição, é a rectidão. Muito mais haveria a dizer, mas por aqui me fico...
Isto faz lembrar a questão dos aplausos nas Celebrações. Até agora e eu que sou Padre já celebrei eucaristias e em que se bateram palmas e inclusivamente onde presidiu o Papa. Deixem--se de tretas, todos sabemos que os sacerdotes do mundo inteiro (a maioria deles felizmente) dá a liberdade ao fiel: sentado, com as mãos, língua, de joelhos... O que importa é "comer" o Senhor. Desistir por causa disto??? Balha-nos Deus. Celebrações de costas??? É ver o caso do nosso país que felizmente os padres sabem bem que o Celebrar de frente para a comunidade é o que faz a grande maioria. O resto são cantigas
Alguém tem que o avisar que o Sr. é protestante e não conhece o cristianismo histórico.
Pode, se quiser, também ler o Catecismo. Há uma versão para jovens, o YouCat, mas que também serve para quem só agora encontrou a teologia da Igreja.
Deus o ajude no seu percurso.
Este Anónimo chama protestante ao senhor Padre, mas ele é que protesta. E, depois, pormenor curioso, apela para o Catecismo e não para o Novo Testamento. Esclarecedor!
O último anónimo responde ao penúltimo pensando que este se refere ao antepenúltimo. Pelo meu lado, pensei que o penúltimo chamava protestante a mim mesmo. Vi-me na frase: "Alguém tem que o avisar que o Sr. é protestante e não conhece o cristianismo histórico". Não seria a primeira vez que me chamam protestante. Parece que quem só vê numa direcção, vê protestantes pro todo o lado. Agora fico sem saber se o protestante sou eu ou não... Curiosamente, aquilo que critico no texto que está na base de todos os comentários (agradeço-os, com um abraço especial ao Sr. Vladimiro Moura) tem muito a ver com o período de origem do protestantismo. Trento acontece precisamente por causa de Lutero. Mas pensar que não há nada antes de Trento (a retomada missa tridentina, com os seus hábitos, no fundo absolutiza Trento), é que é um erro grave de desconhecimento do cristianismo histórico e plural.
Quando ao YouCat, é ver http://tribodejacob.blogspot.com/2011/04/catecismo-dos-jovens-catolicos-inclui.html. Mas atenção que, como diz o último anónimo, o Evangelho é mais importante que qualquer catecismo. Não é de mais lembrar.
Do anónimo ao anónimo: segundo consta, é 'ex-padre' e não 'padre'.
Do anónimo ao ex-padre:
O cristianismo histórico e plural de que fala sempre entendeu a Liturgia como reapresentação e actualização do sacrifício de Cristo. Todos os ritos atestam isto, quer os ocidentais, quer os orientais. Aliás, o senhor bem deve saber qual a resposta que qualquer Ortodoxo - independentemente do seu patriarcado - diria sobre este post, que nega o sentido sacrifical da Liturgia. Trento unificou as variantes regionais do Rito Romano, mas dar a entender que uma só delas negava o aspecto sacrificial é desonestidade intelectual criminosa.
A Patrística e, enfim, as Sagradas Escrituras, idem. Cristo, ao identificar as espécies com o Seu Corpo e Sangue, diz claramente que estes são dados em sacrifício e o 'fazei isto' refere-se não à refeição somente, mas para o que ela aponta.
Leia a 'Introdução ao Espírito da Liturgia' do então cardeal Ratzinger. Ele agora é Papa. Parece que é entendido nestas questões da Igreja Católica.
Se o Evangelho em que crê não corresponde ao Catecismo da Igreja onde está inserido, já sabe: seja consistente. E vá pela sombra.
Não sei em que medida o que diz este Anónimo impede que se comungue nas mãos...
Chamo a atenção para o facto de o Cardeal fazer duas declarações diferentes.
Na primeira diz que é recomendável, na segunda que é necessário.
Resta saber se estas foram verdadeiramente as palvras do Cardeal.
As duas formas são perfeitamente aceites pela CEP de Portugal, que está em comunhão com a Santa Sé, pelo que ambas são "legitimas".
Anónimo das 00.44 Que eu saiba um padre é sempre padres tal como um baptizado é sempre baptizado. Os sacramentos não se apagam... Pode é haver dispensa para o exercício do ministério.
Porque é que devemos confiar mais no Sr.Jorge do que no Papa?
O Sr.Jorge estudou mais do que o Papa? Não.
O Sr.Jorge percebe mais de teologia do que o Papa? Não.
O Sr.Jorge sabe mais da história da Igreja do que o Papa? Não.
O Sr.Jorge sabe mais da doutrina da Igreja do que o Papa? Não.
O Sr.Jorge ofereceu a sua vida por Jesus e pela Igreja mais do que o Papa? Não.
O Sr.Jorge é coerente com dois mil anos de santos? Não.
O Sr.Jorge é assistido pelo Espírito Santo em questões de doutrina de fé e costumes? Não.
Porque é que devemos confiar mais no Sr.Jorge do que no Papa?
Caro João "o discípulo amado" Silveira:
A uma das perguntas que o senhor coloca e reponde "não", eu responderia sim. Mas não lhe vou dizer qual.
Há, no entanto, uma pergunta que o senhor não faz e que me dá legitimidade para dizer e escrever o que digo e escrevo.
A pergunta é: Tenho direito à opinião? Sim, sem qualquer dúvida. E, parece-me, até tenho mais liberdade do que o Papa para a exprimir. (Basta pensar que Ratzinger já foi várias vezes desmentido por Bento XVI).
Por outro lado, e já agora, é um convite ao seu esclarecimento: olhe que o "discípulo amado" não é João. A tradição, mesmo que milenar, fez tal associação. Mas o discípulo amado é o discípulo fiel de Jesus de qualquer época. Identificá-lo com o apóstolo João é um abuso. Se quiser, forneço-lhe literatura sobre assunto.
Por último: conhece os pedidos de perdão de João Paulo II? São às dezenas. Sabe em quantos desses erros da igreja, da nossa igreja, houve mão papal? Na grande maioria, se não em todos. Isso não nos deve dar humildade para pensar que também o Papa pode errar? Não meta a sua consciência numa gaveta.
Sem estar a defender o autor do blog, que respondeu muito bem, é desolador vir alguém mostrar tanta vaidade e pretender questionar o direito à opinião. Nem o Papa se revê em tal posicionamento. Dos que se consideram superiores aos outros e invocam outros para para calarem terceiros, livrai-nos, Senhor.
Caro autor do blog, não esmoreça. Prossiga.
Caro Sr.Jorge:
Nalgum dos pontos eu disse, ou sequer sugeri, que lhe devia ser retirado o direito à opinião, e de a poder exprimir? Não.
Por isso não respondeu a nenhum dos pontos, e não provou porque é que eu devo acreditar mais em si do que no Papa. E mesmo assim deixei o ponto mais básico de fora: O Sr.Jorge foi escolhido como vigário de Cristo para guiar o povo de Deus? Não.
Os Papas nunca erraram nem se desdisseram em termos de doutrina, irmão Jorge. Já o irmão mostra que desconhece o mais básico da catequese, com vários erros crassos neste pequeno texto. Por isso volto a perguntar: porque é que hei-de confiar mais em si do que no Papa? Esta é uma pergunta sincera, porque se conseguir mostrar porque é que é mais digno de confiança do que o Papa, e dois mil anos de santos, passo já a segui-lo, como meu pastor.
Caro Anónimo:
Se ler o que escrevi percebe que não ataquei nenhum direito à opinião. É a/o minha/meu cara/o amiga/o que está a atacar o meu. Perdeu uma boa oportunidade para corrigir fraternalmente o dono deste blog, e em vez disso incentiva-o a continuar a tentar dividir os irmãos.
Como é dia de St.Inácio deixo aqui um ponto dos exercícios espirituais:
Tomando por objecto de exame os dez mandamentos e os preceitos da Igreja e as disposições dos Superiores, tudo o que se põe em prática contra alguma destas três partes, conforme a sua maior ou menor importância, será maior ou menor pecado. Entendo por disposições dos Superiores, por exemplo, bulas de cruzadas e outras indulgências, como as que se concedem em ordem a obter a paz, confessando-se e tomando o Santíssimo Sacramento; porque não pouco se peca então, ao ser causa de outros agirem, ou ao agir nós contra tão piedosas exortações e disposições de nossos superiores.
Caro João Silveira,
ainda bem que ambos concordamos que ambos temos direito a opiniar. É assim leio as suas... opiniões.
Nunca lhe pedi, nem a ninguém, que acredite em mais em mim do que no Papa. Era o que faltava. Já agora, nem tudo o que o Papa diz é matéria de fé. Há níveis. Mas fique a saber que aprecio o Papa, leio o que escreve, e sigo-o como Pedro que é.
Diz que na eventualidade de eu provar não sei bem o quê (contra dois mil anos de santos?) me segue como seu pastor. Mas eu estou aqui a formar uma nova religião? Não tinha dado por isso. Pastor só há um. (Isto está a ficar paranóico.)
Já agora, sobre a doutrina, olhe que a nossa percepção da doutrina evolui. Os dogmas têm história. Negá-la é negar a nossa própria historicidade. Nunca se desdisseram em questões de doutrina? O problema está no "desdisseram", porque assuntos de doutrina com pronunciamentos papais diferentes não faltam. Mas não se preocupe que eu creio na Igreja Católica, Apostólica. E o todo é maior do que as partes.
Não tenciono continuar publicamente esta discussão. Se quiser escrever ou conversar, use o meu mail pessoal, jorgepiresf@gmail.com. Até lhe posso dar o meu telefone.
Já agora, acrescente um acento ao segundo "i" de discípulo. Como está lê-se discipúlo.
«Os Papas nunca erraram nem se desdisseram em termos de doutrina».
Basta conferir um manual sério de História da Igreja. Dispenso-me (seria redundante) dizer o que lá pode ser encontrado. Preocupa-me este automatismo da fé que remete mais para a autoridade do que para a fonte da autoridade.
Só um pormenor. Este irmão fala várias vezes de Papa e de Superiores. Só fala, porém, uma vez de Cristo e para aludir ao Vigário de Cristo.
Precisamos de recentrar cristologicamente a nossa vivência.
Não leve a mal. Não sou anti-Opus. Apenas me preocupa o excesso de certezas que comina como (quase) heresia toda a dissonância.
Por muito que insista, há muitos caminhos para chegar a Deus. Paz e Bem!
Ahah, obrigado pela correcção do português. Vou tentar mudar. Ainda havia muito para dizer, mas vou respeitar a sua decisão. Um abraço
Anónimo, seria útil dizer que incongruências doutrinais assim tão flagrantes existiram ao longo dos séculos, estou aqui para aprender. Não se preocupe que, apesar da minha miséria, nunca me esqueço de Cristo. Ele está sempre acima do Papa, dos Superiores ou seja de quem for. Não percebi a referência ao Opus. Há questões em que podemos ser dissonantes, questões de sensibilidade, e há outras em que se o formos estamos a quebrar a comunhão, questões doutrinais.
"Na essência, a unidade; na dúvida, a liberdade; mas em tudo, a caridade." St. Agostinho
É sempre enriquecedora a discussão, mas a doutrina pretende encerrá-la. Aliás, Jesus não deixou uma doutrina, mas uma mensagem, uma proposta. A Igreja é que procurou sistematizar a mensagem de Jesus, muitas vezes ao estilo alegórico, arrumando-a sob forma de dogma e doutrina. Jesus transcende tudo, até a Sua própria Igreja. Um manto de humildade deve cobrir-nos a todos. Até ma divergência podemos estar em comunhão. Jesus nunca cominou quem diverge na doutrina. Só advertiu quem não cumpre o mandamento maior: «Tudo o que não fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos, é a mim que o deixais de fazer». Por isso João sintetiza: «Quem permanece no amor (não na doutrina, anote-se) permanece em Deus».
Não estreitemos o que Deus alargou.
Paz e Bem.
Caro Anónimo, quer dizer que sabe melhor do que a Igreja o que Jesus disse ou não disse, e as suas intenções? A não ser que Jesus lhe tenha aparecido pessoalmente, como à Alexandra Solnado, temo que o seu conhecimento sobre Ele tenha passado pela Igreja, por isso seja coerente.
A doutrina é um juízo, feito com os dados que se tem. Acha que faz sentido que estivessemos a discutir dentro da Igreja se Deus é uno ou trino, ou se Jesus é Deus?
A sua pergunta induz que eu não faço parte da Igreja. É legítimo que o Papa tenha a sua missão, mas isso não impede a coexistência com outras formas de ver. Até Pio XII reconheceu a necessidade de haver uma opinião pública dentro da Igreja!
Induz tanto a si como a mim. Mas posso dizer os bispos em comunhão com o Papa, em vez de dizer Igreja. Outras formas de ver o quê? Esta é a questão. De ver que Jesus afinal era só um homem? Que Maria não era virgem? Que o aborto não é pecado? Tem que ser mais concreto. Quando ao Papa Pio XII, escreveu uma encíclica muito interessante sobre esse tema: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_12081950_humani-generis_po.html
Ao padre anónimo das 18:26
“Ora. Roma fica muito longe; provavelmente vais continuar a acordar cedo para ir à escola, ouvir umas aulas, voltar cansada para casa e fazeres tudo o que sempre fizeste” - irritar-me para quê, portanto, se querendo posso bem ir à minha vidinha e ter-cá-a-minha-Fé? Foi com alguma perplexidade que percebi que a primeira coisa que o seu comentário me lembrou foi este outro de um amigo meu, ateu particularmente cínico.
Mas respondendo-lhe a si: atravessa-me a ideia de me afastar da Igreja Católica à medida que uma quantidade nada insignificante de factores me mostram uma hierarquia cada vez mais longe do Evangelho, da figura de Cristo e de tudo o que me faz aceitar o dom da Fé. O senhor diz-me que olhe apenas para a parte da Igreja que me dê menos achaques: não quero. Acredito que Igreja passa hoje um momento particularmente difícil e de desnorteamento e não estou interessada em fingir que não há um problema e / ou procurar simplesmente a toca onde os problemas se vão sentindo menos (“vou procurar uma paróquia / movimento onde a missa se celebre como eu gosto e pronto, problema resolvido”). Não lhe parece um problema que uma fatia considerável de católicos vá considerando normal viver uma Fé divorciada das direcções que vêm daqueles que supostamente são a nossa maior autoridade humana? Eu sei que vivo assim, sei que não gosto e sei que ou começamos a arranjar uma solução a longo prazo, ou estamos nós a contribuir mais para a erosão da Igreja que qualquer ataque exterior. Desejo – como desejamos todos – uma Igreja Católica (e toda uma cristandade, já agora) cada vez mais próxima do ideal de unidade, dentro da aceitação da diversidade, que Cristo nos propõe e pede, por isso não posso virar costas quando há uma cisão tão grande entre o que boa parte dos católicos – leigos e até sacerdotes e consagrados – vivem, e as directivas e direcção daqueles que nos deviam guiar e de certos movimentos mais conservadores, muitos deles bem grandes com a força que se vê.
Concordo em absoluto com o que diz, Jorge. Bento XVI e Ratzinger por vezes desentendem-se... Já tinha notado. Muitos dos escândaos da Igreja foram silenciados pelos papas. É-me difícil dizer Santo Padre, porque não sei se corresponde à verdade. Sei é que os homens falham e só o amor e o perdão leva a Cristo. Comungar de pé é sinal de respeito. Estar de joelhos significa estar em adoração. Deus é Alguém com quem me relaciona na minha mais profunda intimidade. Sentada, de pé, ou de joelhos. Não é relevante. NÃO aos fundamentalismos que TUDO justificam em nome de uma fé num deus que não pode ser de amor.
“Muitos dos escândaos da Igreja foram silenciados pelos papas.”
Quais, por exemplo? E silenciados por leigos, nunca existiu nenhum?
“É-me difícil dizer Santo Padre, porque não sei se corresponde à verdade.”
Só a anónima é santa, com certeza. A soberda é total.
“Sentada, de pé, ou de joelhos. Não é relevante.”
Já agora a fazer o pino, ou a esparregata, para os mais flexíveis. Na escola sempre me ensinaram a levantar quando o professor entra na sala, mas estou a ver que realmente a educação é desnecessária, ou pelo menos não é relevante. Proponho que cada um passe a Missa como lhe apetecer, eu vou levar um sofá de massagens.
“NÃO aos fundamentalismos que TUDO justificam em nome de uma fé num deus que não pode ser de amor.”
NÂO ao relativismo fundamentalista presente nesta maneira de pensar.
O Sr. João Silveira, no seu esforço de defender uma suposta ortopraxis, assemelha-se ao diácono Remédios, dando sugestões que não passam pela cabeça dos imaginados prevaricadores.
Ahah, obrigado pelo elogio. É para mostrar que se tudo é relativo, então devo poder fazer TUDO o que me apetece, e ninguém me pode impedir, e isso inclui comungar a fazer o pino. No entanto parece-me que a luta não é para o fim das regras, mas sim pela substituição das actuais (instituidas por quem de direito) por outras de autoria dos que querem ser mais papistas do que o papa.
Penso que é preciso mudar, mas nunca ninguém regressa ao que já foi!Demasiada ousadia para os tempos que correm, digo eu, não sei! Cautela, porque é preciso muita visão para caçar moscas! E já agora se me permitem,em jeito de desabafo, às vezes fico um bocadinho baralhada, porque não sei se a vontade dos Homens é a vontade de Cristo! Mas enfim, vou procurando sempre Cristo...
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