Notícia do DN de 2 de Junho
Não sei se há alguma viabilidade jurídica em processar o Vaticano por causa do crime de pedofilia de pessoas individuais. Espero que não. Para todos os efeitos, o Vaticano tem bens apetecíveis para advogados experientes se atirarem a eles. Não me parece que esteja aqui em causa a honesta tentativa de reparação em relação a um mal cometido.
Mas por outro lado compreendo a lógica – ou uma linha de contacto – e isso tem a ver comigo como eclesialmente católico. Mesmo que não haja relação entre celibato e pedofilia, se dizem que a pedofilia é transversal aos estados e identidades sexuais, há relação entre Igreja Católica e a sexualidade dos seus ministros qualificados (o clero).
A Igreja, com a justificação de que é pelo Reino e pela sua antecipação, pela dedicação total, para ser sinal, por disciplina, etc., quer que... Se a Igreja não quisesse que e deixasse a questão da sexualidade dos seus ministros para o íntimo de cada pessoa, dentro moralidade cristã, naturalmente, os advogados não poderiam processar os organismos centrais.
A Igreja precisa de se libertar desta auto-imposição. E quem gosta dela tem de ajudá-la.
12 comentários:
Óptimo texto. Se o celibato é um dom, não pode ser legislado. tem de ser acolhido e não imposto. Um dó é algo que se dá, não se impõe. Embora não haja relação exclusiva entre celibato e pedofilia, temos de pensar que uma sequência de frustrações,inclusive pastorais, pode levar á desestruturação da personalidade. Acresce que, aos 25, 30 anos, quem pode antecipar, com total segurança, o que vai sentir aos 40 e 50 anos.
Há, nesta questão, problemas pessoais, mas também subsistem problemas sistméticos. A instituição tem responsabilidade nesta tragédia. Que tenha coragem na sua resolução.
(correcção) Óptimo texto. Se o celibato é um dom, não pode ser legislado. tem de ser acolhido e não imposto. Um dom é algo que se dá, não se impõe. Embora não haja relação exclusiva entre celibato e pedofilia, temos de pensar que uma sequência de frustrações,inclusive pastorais, pode levar à desestruturação da personalidade. Acresce que, aos 25, 30 anos, quem pode antecipar, com total segurança, o que vai sentir aos 40 e 50 anos?
Há, nesta questão, problemas pessoais, mas também subsistem problemas sistméticos. A instituição tem responsabilidade nesta tragédia. Que tenha coragem na sua resolução.
No matrimónio quem pode antecipar, com total segurança, o que vai sentir aos 40 e 50 anos??? Está a confundir-se tudo. O problema é a castidade e esta é para todos. E hoje vemos que no matrimónio mais de metade dos que o celebram é num projecto de "encosto" e não de união de projectos. Onde se vê: divórcios. Faz-me rir quando se afirma que não há relação exclusiva entre celibato e pedofilia. Então quais as soluções? Fica-se na mesma... Critica-se muito e constrói-se pouco.
Caro amigo que perguntou "No matrimónio quem pode antecipar, com total segurança, o que vai sentir aos 40 e 50 anos?"
A resposta é ninguém. Mas se algum mal acontecer, ninguém pensa em culpar a igreja por causa do sacramento do matrimónio. O responsável é o próprio que, no entanto, se é casado pela igreja, quis um sacramento da Igreja. Acontece que o clero ao receber o sacramento da ordem recebe também a obrigação do celibato, que, não sendo essencial à ordem, é condição sina qua non. Se não é essencial, porque a vive? Porque a Igreja quer. Logo a Igreja aqui tem uma quota de responsabilidade. Eu gostava que assim não fosse, porque também me sinto igreja.
Ao contrário do que diz, critica-se algo e constrói-se alguma coisa. Nãos e constrói mais porque, em parte, não deixam precisamente construir. Não sei se já alguma vez teve a experiência de querer debater assuntos eclesiais e lhe dizerem que não, que não é preciso, que não tem legitimidade, que outros se ocupam do assunto. Neste tipo de situações não se constrói sem debate e crítica. Não falar, não debater, não alertar é que é contribuir para a ilusão de que tudo está bem e para a persistência do erro.
Excelente resposta esta, a do autor do blog. Eu penso que o diferente, hoje, não são os factos, que, infelizmente, sempre aconteceram. Nova é a sensobilidade e a visibilidade. A reforma da Igreja tornar-se-ia irreversível se o povo de Deus despertasse e se mobilizasse. Já vai havendo um lento, mas crescente despertar. Só quando a Igreja incorporar o paradigma Jesus (liberdade na responsabilidade) é que a transparência será notória.
Quem se ri com estes factos nem sequer pensa na tragédia que se abate sobre as vítimas.
Se querem a contraprova dos factos, tornem o celibato opcional e veja-se depois se a pedofilia continua. Não garanto que acabe, mas, que, pelo menos, se faça a experiência. E que não imponha o que mem Jesus impôs. Jesus propôs o celibato e viveu-o. Mas não o impôs.
Bem, convido-o a escutar os representantes das Igrejas protestantes. Os divórcios múltiplos nos membros do clero, os interesses económicos daí adjacentes. Pedofilia: compare os dados deste fenómeno protagonizados por pais e por celibatários e terá a resposta.
Porque é que não dá a resposta?
A sensação com que fico é que há uma certa frustraçao em alguns intervenientes (vá-se lá saber porquê...) pelo Vaticano continuar e bem a ordenar padres sendo homens celibatários.
Analisar posições é diferente de julgar pessoas. Ninguém põe em causa que a Igreja Latina ordene homens celibatários. O problema é só ordenar homens celibatários.
A Teresa disse quase tudo. Não se põe em causa o celibato. Põe-se, ou questiono, a submissão da ordem ao celibato. Perece-me que um bem maior fica refém de circunstâncias particulares. A missão fica dependente de um tipo de vivência da sexualidade.
Mas a realidade acabará por provar as mudanças. E nessa altura vão procurar-se as razões intrínsecas - que alguns agora já apontam.
Que o Vaticano, ou melhor, os bispos ordenem homens celibatários, tudo bem. Mas porque não homens casados? E mulheres casadas? (Não como direito dos próprios, mas direito da Igreja).
Dizer que é para evitar a frustração de se divorciarem, "como os protestantes", não serve. Não é uma explicação intrínseca.
Dizer que quem coloca este tipo de questões não é igreja ou se desvia do essencial, também não é aceitável. Muitos dos que falam destes temas querem ser mais igreja.
Falar da "frustração em alguns intervenientes" é, provavelmente, ignorar os intervenientes e fazer afirmações sem fundamento.
Queria dizer:
"Mas a realidade acabará por provocar as mudanças".
E não:
"Mas a realidade acabará por provar as mudanças".
E acrescento:
Dizer que é para evitar a frustração de se divorciarem, "como os protestantes", não serve. Não é uma explicação intrínseca. E se isso vier a acontecer, talvez mude a teologia e pastoral dos recasados. Nesse aspecto poderíamos ser mais como os ortodoxos.
E os diáconos permanentes? Nunca li aqui nada acerca da matéria??? Porque será?
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