quinta-feira, 30 de junho de 2011

Aparições marianas. O que aconteceu em Medjugorje?


As aparições de Medjugorje começaram a acontecer há 30 anos, sejam o que for que tenham sido. Há dias o "Vatican Insider" (um dos sítios mais bem informados sobre a Igreja católica, do jornal La Stampa) publicou uma entrevista do vaticanista Andrea Tornielli, aqui. Na verdade, não percebo se é Tornielli que faz as perguntas, se responde ou se as duas coisas (mais provável). A tradução em português apareceu no sempre atento ihu.unisinos (aqui).

No dia 25 de junho, completam-se os 30 anos das aparições marianas em Medjugorje. Do que se trata?
As aparições de Medjugorje começaram em 1981, quando alguns jovens do pequeno país da Bósnia-Herzegovina disseram ter visto Nossa Senhora. Alguns deles, 30 anos depois, afirmam ainda ter uma aparição diária. A característica totalmente nova dessas aparições está no fato de que a visão não está ligada a um lugar, mas ocorre em todos os lugares em que os videntes se encontram.

As aparições de Medjugorje são aprovadas pela Igreja?
Não, o julgamento desses aparições ainda está pendente. O papa, dado o porte internacional do fenômeno e a discordância de pareceres entre o bispo local e outros bispos do país, nomeou uma comissão internacional, confiando-lhe a liderança ao cardeal Camillo Ruini, para avaliar os testemunhos e manifestar um julgamento. Esse também é um fato totalmente excepcional: o reconhecimento de uma aparição cabe ao julgamento do bispo local.

Quantas são as aparições marianas e quais são as principais entre as que são reconhecidas oficialmente pela Igreja Católica?
Nos 20 séculos de história cristã, contam-se cerca de duas mil indicações relativas a aparições marianas que tiveram uma certa relevância histórica. As que são reconhecidas pela Igreja nos últimos dois séculos são apenas uma dezena. As mais importantes entre as reconhecidas são: Guadalupe, no México (1531); Rue du Bac, em Paris (1830);La Salette, na França (1846); Lourdes, na França (1858); Fátima, em Portugal(1917); Banneux, na Bélgica (1933); Amsterdã, na Holanda (1945); Akita, noJapão (1973); Kibeho, em Ruanda (1981).

Qual é a atitude da Igreja diante desses fenômenos?
Muito prudente, ou melhor, muito prudente mesmo. Antes de se pronunciar, a autoridade eclesiástica procede com pés de chumbo. O bispo do lugar, se considera que há pressupostos, geralmente institui uma comissão teológica, que interroga os videntes e avalia os testemunhos, avaliando também eventuais mensagens ligadas à aparição.

Quais são os critérios utilizados pela Igreja para apurar a autenticidade de uma aparição?
A credibilidade dos videntes: jamais devem se contradizer, seus relatos devem ser coerentes, devem ser reconhecidos saudáveis do ponto de vista mental. Em segundo lugar, a ortodoxia das eventuais mensagens, que devem estar de acordo com a mensagem evangélica e também com o magistério da Igreja. Finalmente, os frutos, ou seja, as conversões e as eventuais graças ligadas ao lugar da aparição.

Que julgamento o bispo pode dar no fim do processo?
Estão previstas três fórmulas para três diferentes tipos de julgamento. Se a autoridade eclesiástica chega a verificar que se tratou de uma fraude ou até da fantasia de algum visionário, o julgamento é "constat de non supernaturalitate", isto é, consta a não sobrenaturalidade. Se, ao contrário, o julgamento é interlocutório e não foi possível apurar a veracidade, mas nem desmenti-la, se adota a fórmula "non constat de supernaturalitate", isto é, não consta a sobrenaturalidade, mas isso não exclui que possa ser verificada em um segundo momento. Esse último julgamento foi utilizado para Medjugorje.

Qual foi a aparição mariana que durou mais tempo?
A poucas dezenas de quilômetros da fronteira com o Piemonte, nos Alpes Marítimos de Dauphiné, em Laus, entre 1664 e 1718, Nossa Senhora apareceu por 54 anos a uma pobre pastora analfabeta, Benoite Rencurel. As aparições de Laus foram reconhecidas oficialmente no dia 13 de junho de 2008 pelo bispo de Gap etd'Embrun, Dom Jean-Michel di Falco-Leandri.

Um fiel católico deve acreditar nas aparições marianas reconhecidas oficialmente pela Igreja?
Não, o fiel católico não é obrigado a acreditar nas aparições marianas, embora reconhecidas oficialmente. A Igreja considera concluída a revelação pública com a morte dos apóstolos e, portanto, todas as aparições, todas as mensagens posteriores, mesmo que tenham um valor universal, são consideradas revelações "privadas", as quais o fiel não é obrigado a acreditar, porque não acrescentam nada à mensagem evangélica e ao magistério da Igreja.

Por que, de acordo com os teólogos católicos, Nossa Senhora se revelaria em tantas aparições?
O significado é o da ajuda, do apoio, às vezes da advertência, sempre acompanhado pelo convite à oração e à conversão: em Fátima, Nossa Senhora apareceu às vésperas da Revolução de Outubro e falou sobre a Rússia. Em Kibeho, em Ruanda, com dez anos de antecedência, ela apresentou aos videntes a visão de lagos e rios de cor vermelho como sangue, cenários que se verificariam por ocasião dos tremendos confrontos entre as etnias hutu e tutsi.

1 comentário:

Anónimo disse...

Visitei esta esta terra Medgjugore há cerca de 3 anos. Com surpresa minha havia à venda nas lojas um Crito na cruz e que tinha uma característica: jorrava água do joelhos, à noite visitámos (padres) o tal cucifixo do santuário e de facto um dos joelhos deitava água. Mas infelizmente comigo a moda não pega e acho uma "estratégia" de muito mau gosto para quem visita aquele local. Depois soubemos através de locais que os videntes (alguns deles) têm problemas relacionados com drogas e alguma violência domésticas.
O Papa João Paulo II agiu com muita prudência. Bento XVI esteve lá há um mês bem perto e nada... No que respeita a aspectos positivos: o tratamento pastoral que uma comunidade de Franciscanos tem feito ali. Muita juventude e milhares de pessoas que acorrem ali a rezar o terço todos as noites. Posso adiantar que é toda a cidade de Medjugore. Não podemos esquecer que aquela comunidade foi muito massacrada pelas guerras na década de 90. No meio disto tudo a Igreja tem agido exemplarmente e evita a política da crendice e milagreirice. Faz bem Bento XVI manter a prud~encia actual.

Há um sínodo?

O sínodo que está a decorrer em Roma é de uma probreza que nem franciscana é. Ou há lá coisas muito interessantes que não saem para fora ou ...