As palavras de Bento XVI significam uma mudança no conceito de purgatório que a Igreja tem?
Em nada. O único que demonstram é a ignorância teológica que a nossa sociedade actual vive, já que afirmar que o purgatório não é um lugar físico faz parte do conhecimento comum teológico há anos.
Então, em que consiste exactamente o purgatório?
Trata-se de um processo espiritual interno. É lógico pensar que, dado que ninguém morre sendo totalmente bom, há uma espécie de conversão e purificação no encontro com Deus.
As representações tradicionais desse conceito religioso fizeram com que a população tenha uma visão errónea?
Sim, e o facto de a pregação não estar muito actualizada também contribui nesse sentido para que a população desconheça o verdadeiro significado do purgatório. Nesse sentido, é preciso dizer que as palavras do Papa são positivas, porque ajudam os católicos a compreender que o objectivo não é convencer Deus da purificação dos nossos pecados para que seja bom e nos livre das penas do purgatório. O fundamental é alimentar nossa fé e nossa esperança em que o encontro com Deus será para todos salvação definitiva.
A mesma confusão existe com o inferno e o paraíso?
Sim. Tanto o inferno como o paraíso e o purgatório são questões que ultrapassam o espaço e o tempo, e, portanto, não se deve fazer uma descrição física de uma geografia celestial. Eles fazem alusão a processos espirituais que intuímos à luz das experiências reais que vivemos em nossa vida presente e que tentamos expressar com símbolos que animem nossa esperança.
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