John L. Allen Jr., correspondente do semanário norte-americano “National Catholic Reporter”, é um dos jornalistas mais informados sobre coisas do Vaticano. O mesmo é dizer que é um dos mais bem relacionados com bispos, cardeais e afins. Rara é a semana em que não nos oferece uma entrevista interessante. Na semana passada, duas:
- com Giovanni Maria Vian, chefe de redacção do “L'Osservatore Romano”, publicação que em 2011 completa 150 anos. Aqui.
- e com o arcebispo Salvatore Rino Fisichella, que foi reitor da Universidade Lateranense e presidente da Academia Pontifícia para a Vida e agora está a montar o novo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. Aqui.
Realço especialmente esta última. D. Fisichella fala da dificuldade em arranjar um padre norte-americano (os bispos dos EUA bateram-lhe o pé) e confessa, indirectamente, que ninguém sabe bem o que é a nova evangelização.
Um primeiro passo é que, depois do Natal, vamos ter uma conferência com vários especialistas para esclarecer o conceito da "nova evangelização". O que eu quero enfatizar é que se remova a ambiguidade, o risco de tratar a ideia da "nova evangelização" como uma fórmula abstrata. Temos que ser capazes de encher a expressão "nova evangelização" com conteúdo. Teremos dois dias de estudo dedicados ao tema da "nova evangelização", em algum momento de março. Ainda estamos considerando as datas exatas. Ainda estamos montando o programa, mas serão apenas especialistas, a fim de torná-lo um pouco como um seminário acadêmico. Vamos ter alguns bispos, alguns leigos especialistas, para que possamos avaliar os horizontes históricos, teológicos e pastorais do que está por trás da expressão "nova evangelização".
No entanto, considera que o recente livro do Papa é um instrumento para a nova evangelização – do que eu duvido, pois não há evangelização sem entusiasmo, coisa que se existe em “Luz do Mundo”, está muito ensombrada pelo temor e desejo de segurança, pelas justificações.
Quando terminamos a coletiva de imprensa, fomos ver o Papa para apresentar os volumes. Como eu era o único bispo lá, fui a primeira pessoa a saudar o Papa, e eu disse: "Santo Padre, obrigado, porque este é verdadeiramente um instrumento para a nova evangelização". Eu estou convencido disso. Há uma tal riqueza de espiritualidade nele... Ele fala sobre o valor da sexualidade, do amor, da alegria, da esperança. Há tantos elementos que refletem os desejos das pessoas hoje, e ele fala sobre eles de uma forma simples. Ele não é apenas facilmente compreensível, mas também é cheio de consolação e também é talvez um estímulo para nos tornarmos interessados pelo cristianismo, para além dos escândalos e das manchas que às vezes o marcam.
Pelo meio, ou melhor, no início, John L. Allen Jr. dá-nos dois ou três apontamentos, sempre curiosos, sobre a vida no Vaticano. Diz, por exemplo, que a encíclica "Fides et Ratio, de João Paulo II, de 1998, era também conhecida por "Fisichella et Ratzinger", por terem sido estes os dois teólogos a dar-lhe forma. Diz ainda que, em Roma, quando se quer remover alguém [de um lugar importante], promove-se [para um título grande mas vazio]. "Promuovere per rimuovere". "Promover para remover". Não é só em Roma que isso acontece.
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