Peter cresceu na Chicago de Al Capone. Foi piloto na II Guerra. Sobrevoou Nagasáqui. Depois tornou-se padre carmelita e conheceu todas as revoluções da América Latina com Betty, freira e enfermeira. Agora, num dos bairros mais violentos de Juárez, vivem o que realmente se passa na guerra do narco.
Texto de Alexandra Lucas Coelho, em Ciudad Juárez, no "Público" de ontem, para ler aqui.
Um excerto:
(...) Em 1973, começaram uma pequena comunidade católica em Washington, e em breve recebiam refugiados do golpe de Pinochet, missionários que já não podiam trabalhar lá e chilenos que tinham estado no Governo de Salvador Allende. "A nossa casa tornou-se um lugar onde chegava gente vinda do Chile, da Argentina, da Bolívia, a fugir de ditaduras que os EUA apoiavam."
Pelo meio, Peter e Betty ou viajavam pelos EUA a falar sobre a América Latina, ou viajavam pela América Latina, a "tentar ver em que lugares os EUA não estavam a fazer coisas boas". E do Chile ao Paraguai, passando pela Argentina, o que pensavam era: ""Mas isto são governos fascistas. E os EUA apoiam estes governos. Então devemos ter fascistas no nosso governo." Voltámos com essa mensagem."
Fizeram orações de protestos e uma invasão pacífica da Casa Branca.
Os EUA mandavam dinheiro a Somoza, o ditador da Nicarágua. Reagan dizia que os sandinistas eram marionetas da URSS. E entretanto desaparecia gente na América do Sul. E eram mortos padres na América Central.
Betty, que tem estado a ouvir suspensa como se fosse a primeira vez, conta um diálogo que tiveram na fronteira para entrar em El Salvador. "Perguntaram a Peter: "É padre?" Ele respondeu: "Sou professor." O que não era mentira. E eles disseram: "Ainda bem, porque aqui os padres estão a ser mortos.""
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