terça-feira, 1 de junho de 2010

As pantufas de João Paulo I e outros segredos do Vaticano


Ando a ler “Os Segredos do Vaticano” (ed. Asa), um livro do jornalista do “La Croix” Bernard Lecomte. O jornal “Libération” escreveu: “Este livro é a prova de que a realidade é muito mais fascinante do que as teorias da conspiração”. E o “Pèlerin Magazine”: “Mais apaixonante do que muitos romances de mistério”.
Concordo em absoluto. A realidade é muito mais interessante do que a ficção. (Como diria Frank Zappa, para quê droga, se basta a realidade?) Já li seis dos seus 17 capítulos e em todos fiquei com a mesma impressão: prosa bem informada, conhece as polémicas, dissolve-as com factos e acrescenta outros que (pelo menos eu) desconhecia. Um exemplo: as altas esferas do Vaticano chegaram a pensar que o regime bolchevique seria bom para os católicos russos. E esforçaram-se por estabelecer relações diplomáticas (“Um Papa contra os Soviéticos”).
Outro exemplo: Pio XI escreveu (isto é, mandou escrever) uma encíclica contra o nazismo e outra, que, por uma questão de dias não foi publicada, contra o anti-semitismo (“A Encíclica Interrompida”). Está lá tudo explicado. Quem a escreveu (John LaFarge, um jesuíta norte-americano de ascendência francesa), o nome ("Humani generis unitas"), o que é feito dela (repousa nos arquivos secretos).
Sobre Pio XII e os seus criticados silêncios em relação ao Holocausto, afirma que foi claramente antinazi, ainda que “mais diplomata do que profeta”. Não falou para “evitar males maiores”. Tinha razões para isso.
Quanto à morte de João Paulo I, Bernard Lecomte afasta qualquer teoria da conspiração e explica a origem de todas as incongruências em que normalmente os adeptos da conspiração se apoiam. A irmã do Papa, irmã de sangue, ficou com os óculos e as pantufas.

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