segunda-feira, 10 de maio de 2010

Os amigos do Papa

Têm aparecido na imprensa vários "amigos de Ratzinger", portugueses, uns quatro. Não duvido que o sejam, mas do que tenho lido e ouvido, pouco têm a dizer sobre a pessoa por trás do Papa. Lugares comuns, quase sempre. Ou coisas que qualquer um poderia dizer desde que leia o que há muito está publicado.

Com Noronha Galvão sente-se a diferença.

Afirma o padre lisboeta:

"Pelo que conheço, a sua [do Papa] timidez é de temperamento. Quando acha que deve fazer uma coisa, faz. É uma pessoa muito determinada, foi sempre um inconformista. Quando acha uma coisa, di-la e age em consequência, não se inibe por não estar na moda.

Se ele estivesse convicto de que era necessário fazer alguma reforma, faria. Pelo conhecimento que tem da doutrina da Igreja, também é certo que ele pese toda a complexidade das questões. Não acredito que deixe de fazer alguma coisa por ser tímido.


(...)

Ele tem a marca do académico e uma das coisas que vi na Alemanha é o gosto da discussão. O próprio Ratzinger esteve sempre envolvido em grandes discussões. Há um gosto de levar a discussão aos pontos essenciais - o que se chama "die Kritishe Frage", a questão crítica, quando há algo a pôr em causa. Isso é muito típico da vida académica alemã.

Ratzinger está marcado por isso. Quando vê que há uma questão séria, trata-a como tal. Pode-se pensar se ele, como Papa, deveria medir mais as consequências, mas talvez funcione mais o académico do que o homem das relações públicas..."

A entrevista vem no "Público de hoje. Aqui.

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