Em tempo de Páscoa, um soneto "À Coroa de espinhos" de um franciscano que viveu no Convento da Arrábida, na imagem, perto de Setúbal.
A que vindes, Senhor, do Ceo à terra,
Terra que sendo vossa vos enjeita,
E que tanto vos honra e vos respeita,
Que em vos não receber insiste e emperra?
Ah quanta ingratidão nela s’encerra!
Quão mal de vossa vinda se aproveita!
Pois se põe a tomar-vos conta estreita,
Mais brava contra vós, quanto [mais] erra.
E vós de vosso amor puro forçado
As malditas espinhas lhe pisais,
Das quais ainda sendo coroado,
A maldição antiga lhe trocais
Na benção, que lhe dais crucificado,
Quando morto d’amor, d’amor matais.
Frei Agostinho da Cruz (1540-1619)
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