Stephen Dedalus (isto é, James Joyce), em “Retrato de um artista enquanto jovem”, relata a pregação de um padre jesuíta sobre a eternidade:
“Tente fazer uma ideia do terrível significado desta palavra, eternidade. Por certo, observou muitas vezes a areia à beira-mar. Como são finos, esses grãos minúsculos! E quantos destes grãos infinitamente miúdos são necessários para um só punhadozinho de areia que uma criança atira a brincar! Imagine agora uma montanha desta areia, com a altura de um milhão de milhas, ocupando todo o espaço; e com um milhão de milhas de espessura. Imagine esta enorme massa de inúmeras parcelas de areias, multiplicada pelo número de folhas da floresta, de gotas de água no imenso oceano, de penas das aves, de escamas dos peixes, de pêlos dos animais, de átomos na vasta extensão do ar; depois, imagine que, ao cabo de cada milhão de anos, um passarinho vem a esta montanha e leva no bico um minúsculo grão de areia. Quantos milhões e milhões de séculos se escoarão antes que esse pássaro tenha levado um só pé quadrado desta montanha, quantas infinidades de séculos, antes que tenha levado a montanha inteira! E, contudo, no fim deste imenso período, não se pode dizer que se tenha escoado um só instante da eternidade. No fim destes biliões e triliões de anos a eternidade estaria no seu começo”.
Sem comentários:
Enviar um comentário