segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Siz iz God who senz you!" - Histórias e livros que transformam

O homem que conseguiu entrevistar Henrique Galvão depois do assalto ao Santa Maria procurou, pelo mundo, e encontrou Madre Teresa.

Vale a pena ler o texto sobre Dominique Lapierre e sobre o novo livro, que fala da África do Sul, aqui. Mas o que me impressionou foi a parte da Índia, que copio para aqui. O texto é de Paulo Moura, no “Ípsilon” de 13 de Novembro.

“Quando a vi andar pelas ruas dos bairros de lata de Calcutá, e essa onda de amor que chegava das pessoas, que vinham ter com ela, que a queriam tocar, pensei: ‘Ela tem realmente qualquer coisa'". E Dominique imergiu na vida da freira albanesa. Escreveu um livro sobre a independência da Índia ("Esta Noite a Liberdade") e outro sobre um bairro de lata de Calcutá.

"Encontrei ali os verdadeiros heróis da Humanidade. Pensei: ‘Tenho de ser a voz deles'. Fui a uma papelaria, comprei 15 canetas e 5 cadernos, fiquei lá a viver dois anos".

"A Cidade da Alegria", que contava a história dos pobres desse bairro, foi traduzido em muitas línguas e vendeu 9 milhões de exemplares. "Tornou-se um livro de culto porque eu não prego. Não digo: ‘Vejam, nós aqui em Portugal comemos três vezes por dia, e aquelas pessoas só comem de três em três dias'. Odeio esses pregadores. Apenas conto uma história". Mas funcionou. "Recebi 300 mil cartas, de todo o mundo. Houve pessoas que me disseram: ‘Eu tinha decidido cometer suicídio, mas li o seu livro e reencontrei o amor pela vida'. O livro mudou a vida de muitas pessoas".

Mas isso já foi depois de Dominique ter conhecido Madre Teresa e ela lhe ter dito: "Tu podes fazer o mesmo que eu". Ele tinha 50 anos. "Esta Noite a Liberdade" estava a vender bem. Os primeiros "royalties" ascendiam a 50 mil dólares. Dominique pegou nesse dinheiro e dirigiu-se a Calcutá. Encontrou Madre Teresa na missa da manhã. "Madre, sabe de alguma instituição a trabalhar com crianças leprosas que precise de dinheiro?", perguntou.

"Ela olhou para mim e disse, com o seu sotaque albanês: ‘Siz iz God who senz you!' E apresentou-me a um inglês chamado James Stevens que era negociante de camisas e gravatas em Londres e andava de Jaguar, mas um dia decidiu ir para Calcutá, com todo o seu dinheiro, para ajudar as crianças leprosas. Abriu um lar chamado Ressurreição e em 15 anos salvou 10 mil crianças. Mas agora o dinheiro acabara e preparava-se para fechar a instituição. Eu dei-lhe os 50 mil dólares e prometi-lhe que nunca o deixaria fechar a Ressurreição".

Foi Stuart que levou mais tarde Dominique ao bairro de lata chamado Cidade da Alegria. E, em consequência, a montar a sua própria instituição humanitária, depois do êxito do livro. "Comprei um velho ferry boat em Calcutá, reabilitei-o, instalei máquinas a bordo, um pequeno laboratório, uma sala de operações, contratei dois médicos e cinco enfermeiros e começámos a navegar o delta do Ganges".

Mas o hospital flutuante só dava assistência a sete das 54 ilhas, e por isso Dominique comprou mais três barcos. Metade de todos os royalties dos livros, que escreveu e viria a escrever, e todas as doações dos leitores destinam-se a financiar a Fundação Cidade da Alegria. "Em 28 anos, curámos um milhão de doentes de tuberculose. Abrimos dez escolas, concedemos microcréditos".

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