quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Acabou com a palavra "selvagem" na caracterização dos povos

Judeu de origem francesa nascido em Bruxelas, Claude Lévi-Strauss, que morreu há dias (há imprensa que diz que foi no domingo, 31; sítios na Internet dizem que foi no dia 30, sábado), contribuiu para apagar a palavra “selvagem” do vocabulário, diz o Público (aqui). No “Estado de São Paulo”, um depoimento oral explica como mostrou que “sociedades sem escrita falam através de mitos, de pinturas do rosto, dos trajes, dos objectos e utensílios”. Tudo constitui uma forma de organização social que nada tem de primitivo como se julgava então (anos 1930-1950).

Claude Lévi-Strauss, que no Brasil onde deu aulas era o Prof. Claude L. Strauss para não ser confundido com as calças de ganga, mostrou que grupos aparentemente inferiores têm formas de organização elaboradas. Civilização e “selvagens” têm a mesma humanidade em comum (estruturas) que se expressa em linguagens diferentes. Ouvir aqui.

Lévi-Strauss deu cabo do racismo, se ainda era preciso dar. E do etnocentrismo.


No Público de hoje o excerto de uma entrevista de 1999, quando Claude Lévi-Strauss estava quase a fazer 90 anos (aqui).

Vê-se como um sábio?

Ah não! Ao longo da minha existência, fiz os possíveis para me divertir ou, se quiser, para não me aborrecer [risos]. Foi por isso que trabalhei, porque se não o fizesse aborrecer-me-ia imenso. Escrevi apenas para passar o tempo. E não dou qualquer importância a isso.

Os que o leram dão. Por que razão se apaga tanto?

Se calhar, isso é que é ser sábio! [risos]. Os outros deram-me uma certa importância em certo momento, sobretudo os da mesma geração, nos anos 50, 60, 70. Hoje não se interessam pelo que faço ou fiz. E acho bem que assim seja.

O senhor é um dos últimos sobreviventes de toda uma geração de pensadores e escritores - Braudel, Lucien Febvre, Sartre, Merleau-Ponty, Raymond Aron, Dumézil, Breton, Max Ernst, Marcel Duchamp, Lacan, Alexandre Koyré, Foucault, Jakobson, a lista é interminável. Tem consciência da referência intelectual que representa?

Mas eu não sou uma referência. O que se passa é que vivi mais, sou mais velho. É tudo!

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