William Tyndale, que actualmente é venerado pelos anglicanos, mostra, como Miguel Servet, que a intolerância quinhentista e seiscentista não era um exclusivo da Igreja católica (que também condenou o trabalho de Tyndale).
Sobre o trabalho deste mártir anglicano (ex-frade franciscano), o católico Tomás Moro disse que encontrar erros na sua Bíblia (isto é, na parte traduzida e disponível) era tão fácil encontrar água no meio do mar. Porém, a tradução de Tyndale foi muito influente, quer em termos religiosos, no afastamento da Igreja inglesa em relação a Roma, quer em termos linguísticos. A Bíblia do Rei Jaime (King James) segue em grande parte a tradução de Tyndale, ao ponto de se dizer que este tradutor influenciou mais o inglês moderno do que Shakespeare.
As divergências entre Moro e Tyndale geraram vários escritos de parte a parte. Moro acusava Tyndale de erros de tradução como “congregação” em vez de “igreja”, “ancião” em vez de “presbítero”, “amor” em vez de “caridade”… O texto de Tyndale já veiculava uma reforma.
Impõe-se um esclarecimento: quem matou Tyndale? Leio várias referências que dizem que a fogueira aconteceu por influência de Henrique VIII (que desde 1534 se separara de Roma), e nesse sentido vai o apelo para que o Senhor "abra os olhos ao rei", mas também se diz, ainda que não taxativamente, que morreu às mãos dos “católicos romanos”. Vou procurar a resposta em fontes impressas.
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