Reler hoje o que João XXIII disse há 47 anos na abertura de um encontro que viria a mudar a face da Igreja (de certeza que mais do que ele próprio esperaria) é um exercício algo estranho. O fim do Concílio, disse o Papa, era a "defesa e difusão da doutrina". Mas o que aconteceu foi essencialmente uma mudança no interior da Igreja (os convictos podem sempre afirmar: entre mudar o interior da Igreja e difundir a doutrina, não há diferença; a dogmática genuína é sempre pastoral consequente, como disse Karl Rahner).Mas parece-nos que devemos discordar desses profetas da desventura, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo.
No presente momento histórico, a Providência está-nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por obra dos homens e o mais das vezes para além do que eles esperam, se dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e inesperados; e tudo, mesmo as adversidades humanas, dispõe para o bem maior da Igreja.
(...) Para que esta doutrina atinja os múltiplos níveis da actividade humana, que se referem aos indivíduos, às famílias e à vida social, é necessário primeiramente que a Igreja não se aparte do património sagrado da verdade, recebido dos seus maiores; e, ao mesmo tempo, deve também olhar para o presente, para as novas condições e formas de vida introduzidas no mundo hodierno, que abriram novos caminhos ao apostolado católico".
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