Em 2009 completam-se 200 anos sobre o nascimento de Darwin e 150 sobre a publicação de “As origens das espécies”. Factos que por toda a parte têm originado exposições sobre Darwin e as duas descobertas, debates, documentários e até peças de teatro. Em toda a parte? Não. Na Igreja católica, que eu saiba, ainda não foi tomada nenhuma iniciativa de relevo. Pretendo deixar neste blogue alguns textos, pequenos apontamentos, sobre “Darwin e a Igreja católica” ou “Darwin e os católicos”.
Comecemos por aquilo que poderia ter sido o maior embate entre as ideias do biólogo inglês e o dogma católico. Não chegou a acontecer. Escreve Jacques Arnould em “Requiem por Darwin” (Gráfica de Coimbra 2):
“Quando de uma reunião preparatória [para o I Concílio do Vaticano], em Maio de 1869, um dos participantes mostra-se preocupado com a teoria que faz do homem um produto da evolução da matéria e, no decurso do Concílios propriamente dito, não faltam alusões aos trabalhos de Darwin. Os dois esquemas sobre a doutrina católica sucessivamente elaborados prevêem que se declare como sendo dogma da fé a definição da descendência de todos os homens a partir de um único casal (o que é costume chamar-se monogenismo); com efeito, parece impossível conciliar a outrina do pecado original com a ideia de uma humanidade proveniente da animalidade, tal como a ideia de um casal original e único, formado por Adão e Eva, com a imagem de pequenos grupos de macacos. Algumas vozes, como a de Mons. Vérot, admiram-se de que a Igreja possa considerar sem valor as descobertas da geologia e da paleontologia. Contudo, parece que nada consegue impedir que o monogenismo seja considerado dogma e assuma um valor coactivo; nada, a não ser a guerra de 1870, cuja consequência foi a interrupção do Concílio” (pág. 47-48).
O Vaticano I não voltou a ser convocado e evitou-se, felizmente, o que poderia ser a condenação do evolucionismo.
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