quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O fim do mito tolstoiano

Tolstoi é um dos mitos com pés de barro que Paul Johnson estilhaça em “Intelectuais” (ed. Guerra & Paz). Depravado, viciado em jogo, desprezando os filhos, temendo o progresso, Tolstoi tem uma imagem de si próprio tão exagerada que leva Johnson a afirmar que o escritor russo se julgava “irmão de Deus, o seu irmão mais velho, aliás”.

Johnson cita passagens do “Diário” de Tolstoi, como estas: “Li um livro sobre a caracterização literária do génio hoje em dia e esse livro despertou em mim a convicção de que sou um homem notável no que se refere à capacidade e vontade de trabalhar”. “Nunca até hoje, conheci um homem que fosse moralmente tão bom como eu e não me lembro de uma única ocasião, em toda a minha vida, em que não me sentisse atraído por aquilo que é bom e não estivesse pronto a sacrificar qualquer coisa por isso”.

E lembra alguns dos dizeres do escritor, que era seguido por muitos como um guru ou profeta. Sobre a vacina contra a varíola, diz: “Não vale a pena tentarmos fugir à morte. Um dia ou outro, de qualquer forma, acabamos por morrer”. Sobre as mulheres: “O mundo seria muito melhor se as mulheres falassem menos…” Educação. “As crianças não precisam de educação, seja ela de que tipo for… Estou convencido de que quanto mais culto um homem é, mais estúpido fica”. Livros: “Ignorai toda a literatura dos últimos 60 anos”…

E o cristianismo de Tolstoi?

“O facto de Tolstoi falar de «Deus» e de se intitular cristão era muito menos importante do que se poderia pensar. A Igreja ortodoxa excomungou-o em Fevereiro de 1901, o que não foi surpresa nenhuma, visto negar a divindade de Jesus Cristo e afirmar, ainda por cima, que chamar-lhe Deus ou rezar-lhe era a «maior das blasfémias». A verdade é que seleccionou, entre os ensinamentos de Cristo e da Igreja do Novo e Velho Testamentos, só os excertos com que concordava, rejeitando tudo o resto. Não era um cristão sob qualquer ponto de vista significativo por que se encarasse a palavra. Se acreditava ou não em Deus é algo pouco mais difícil de concluir, uma vez que definiu «Deus» de diversas formas em diversas épocas da sua vida. No fundo, «Deus» seria, aparentemente, aquilo que Tolstoi queria que acontecesse, a reforma total, o que é um conceito secular e não religioso. Quanto ao Deus Pai tradicional, era, quando muito, um seu igual, que teria de ser cuidadosamente observado e criticado, o outro urso que vivia na sua jaula”.

1 comentário:

Anónimo disse...

bullshit

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