A “Pequena História da Desinformação” tem muitas pequenas histórias de desinformação e constitui, no seu todo, um grande instrumento para ler a desinformação actual. Recentemente, o caso mais flagrante – julgo –, verificou-se com o navio “Artic Sea”. A maior parte dos órgãos de informação, pelos vistos, engoliu a desinformação produzida pela Rússia (herdeira da URSS, tem muita experiência), que sempre soube onde estava o navio.
Mas essa é história para outros blogues. Neste, quero deixar uma nota sobre as alterações toponímicas no tempo de Revolução francesa. Os nomes com conotação religiosa foram especialmente afectados.
Com a Revolução de 1789, as palavras cidade, burgo, castelo, rei, conde, cruz foram proscritas. E tudo o que era Santo (Saint) teve de ser alterado. Bucy-le-Roy passou a Bucy-la-Repúblique. Argenton-le-Château passou a Argenton-le-Peuple. Château-Thierry tornou-se Égalité-sur-Marne. Saint Tropez ficou Héraclée. Mónaco e Grenoble foram rebaptizadas Fort d’Hercule e Grelibre, respectivamente (mas porquê em relação a Mónaco?). Montmartre, por feliz coincidência fónica, passou a Mont Marat…
Claro que a seguir instalou-se a confusão (extensiva aos meses do ano e dias da semana, também eles alterados), pelo que a Comissão de Salvação Pública lançou um apelo:
“Várias comunas mudaram de nome e não se encontram, sob as novas designações, nos dicionários geográficos nem nos mapas, outras usam designações parecidas, pelo que, por vezes, a Comissão não sabe de onde lhe escrevem nem a quem deve responder. O que cria obstáculos ao governo. Para acabar com estes inconvenientes, a Comissão convida todas as administrações, sociedades populares, funcionários públicos e, em geral, todos os cidadãos que lhe escrevam a acrescentar ao nome actual da sua comuna a designação anterior”.
“A desinformação tende, às vezes, a ultrapassar os seus próprios objectivos”, conclui Vladimir Volkoff.
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