Madeleine Albright, secretária de Estado dos EUA no tempo de Bill Clinton, deu uma entrevista ao "Público" (20 de Julho). No final, Teresa de Sousa perguntou-lhe: «Escreveu em 2006 “Os poderosos e o todo-poderoso: reflexões sobre a América, Deus e o Mundo”. A diplomacia deve ter em conta a dimensão religiosa?»
E a norte-americana que nasceu na Checoslováquia em 1937, foi educada catolicamente, mas entretanto aderiu à Igreja Episcopal (anglicanos dos EUA), respondeu:
“Como americana, acredito fortemente na separação da religião e do Estado. O meu país foi criado sobre isso. Mas também sou realista. O que escrevi no meu livro foi que precisamos de perceber o background religioso de muitos dos conflitos. Falou do conflito do Médio Oriente – há pessoas que lutam porque acreditam que aquela pequena porção de terra lhes foi dada por Deus.
O que argumento no livro é que os nossos diplomatas entendam esta dimensão religiosa [dos conflitos]. Que os líderes religiosos, mesmo que não estejam envolvidos directamente na mesa das negociações, devem estar envolvidos na prevenção dos conflitos. E também sugiro que, uma vez encontrado um acordo entre os negociadores, os líderes religiosos podem servir como validadores. ‘Nós pensamos que este compromisso faz sentido, pode ajudar, devemos tentar aplicá-lo’.
Também tento explicar um pouco o Islão, porque há pessoas que pensam que é uma religião monolítica, que não é. Como não o são o cristianismo ou o judaísmo.
Observei o que os religiosos podem fazer. O Vaticano tem essa comunidade religiosas de santo Egídio, que trabalhou em Moçambique e na Bósnia e que conseguiu juntar as pessoas.
Mas não quero que as pessoas me interpretem mal sobre a relação entre religião e o Estado. Como americana acredito profundamente na separação” (fim de citação).