sábado, 18 de fevereiro de 2012

Onde falta o humor abunda o ridículo

Provavelmente, falta o sentido de humor na Igreja. Em compensação, abunda o ridículo, pois há um montão de cómicos que não sabem que o são.


A. Maillot

Os trabalhos das mulheres


Entrevista do Card. Monteiro de Castro ao JN de ontem. Alguns comentários negativos sobre o que o cardeal disse da mulher devem ter mais a ver com esta entrevista do que com a que deu ao "Correio da Manhã", também neste blogue reproduzida.


Com o que diz nesta entrevista, na parte final, sim, parece-me que o papel da mulher é indevidamente avaliado. Agora que a maternidade deve mais apoiada do que é, em tempo, progressão na carreira das mulheres e não perda de ordenado (como possibilidade e não, obviamente, como obrigatoriedade), não tenho dúvidas. E repito: mais a maternidade do que a paternidade.

"Cardeal nega-me função essencial", diz Ferreira Fernandes

Escreve Ferreira Fernandes, um dos cardeais da crónica em Portugal (no DN de hoje):


Cardeal nega-me função essencial


Não vou dizer que expulsando o que é natural nos cardeais ele volta a galope: acredito que o que disse o novo cardeal português, Manuel de Castro, foi só dele. E não vou retirar ao cardeal a legitimidade de se pronunciar sobre educação dos filhos lá porque não os faz: admito que um olhar de fora possa ser mais atento. Portanto, com o tal cardeal não generalizo, nem o excluo do direito de opinião. Dito isto, engalinhei por ele ter dito que "a mulher deve poder ficar em casa ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos". Na verdade, não engalinhei, senti a crista encrespar-se! Senti a minha função essencial de pai educador diminuída. Que é isso de que cabe mais e melhor a elas educar?! Parir, de acordo; mas a educar peço meças. Acordei noites para sussurrar acalmias a choros. Admoestei muito cedo a falta de dizer bom-dia a vizinhos. Mergulhei junto para acabar com medos. Forcei-me a decorar poemas só para a acompanhar. Soube fazê-la sentir que ela estava comigo, mesmo quando estávamos longe um do outro... É certo que não fiquei em casa nem trabalhei menos para a educar, não pude, é a vida. Mas apliquei-me na minha função essencial de pai educador. E a prova é que dei à minha filha ensinamento útil: "És cidadã a parte inteira, mas, nunca esqueças, nada está garantido para sempre." Preveni-a contra si, cardeal.


Não me parece que o novo cardeal lhe negue qualquer função essencial. Apenas realça que deveria haver outra possibilidade para as mulheres. "A mulher deve poder ficar em casa ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos", diz o cardeal.


O cronista revela, quanto a mim, e já não é a primeira vez, o seu anticlericalismo. Quando fala alguém da igreja desperta logo um anticomunismo mental em certas pessoas, desta vez Ferreira Fernandes incluído. Esse anticomunismo mental faz pensar que o que uma pessoa diz em relação a uma parte da realidade exclui que se pense isso mesmo da outra parte. Ele falou das mulheres na educação dos filhos? Logo é machista. Se aumenta de um lado, diminui do outro, daí o anticomunismo. 


Acrescento que o cardeal poderia dizer algo do género para os homens. Mas de facto não é a mesma coisa. As mães são muito mais importantes para os recém-nascidos do que os pais. E não tem nada a ver com a dedicação dos pais-homens. Claro que os pais também poderiam ter a vida facilitada para apoiar os filhos. Mas crucial mesmo é o apoio das mães - o que já está contemplado na legislação de diversos países do norte da Europa. 


Lembro que em Portugal, um homem tem de tirar 10 dias úteis de licença (e pode tirar mais 30 dias em que a mulher tem de trabalhar), enquanto a mulher tem direito a 120 dias recebendo 100 % ou 150 dias ganhando 80%. A estes 150 dias pode acrescentar três meses, ganhando 25% (é sempre a Segurança Social que paga). Ou seja, numa família que decida apoiar com o máximo de tempo os filhos recém-nascidos, a mãe dispõe apenas de oito meses (nos últimos três vendo o ordenado diminuído em 75%). Numa outra possibilidade, também o pai pode estar três meses a receber 25 %, fazendo com que o tempo máximo de apoio suba para os 11 meses. Continua a ser pouco. Em exclusivo para as mulheres (porque é mais importante) ou partilhada com os homens (enquanto possibilidade, é melhor), a licença de maternidade/paternidade devia chegar aos dois anos, pelo menos. As mães suecas têm 480 dias para usar até aos 8 anos dos filhos.

Anselmo Borges: Política e ética


Texto de Anselmo Borges no DN de hoje:

Quando se pergunta: o que é o Homem?, as tentativas de resposta foram múltiplas ao longo dos tempos. Mas lá está, essencial, a de Aristóteles: um animal que fala, que tem logos, um animal político.

O ser humano é constitutivamente um ser social. Fazemo-nos uns aos outros, genética e culturalmente. Procedemos de humanos e tornamo-nos humanos com outros seres humanos. A relação entre humanos não é algo de acrescentado ao ser humano já feito: pelo contrário, constitui-nos. A prova está nos chamados meninos-lobo: tinham a possibilidade de tornar-se humanos, mas, sem o contacto com outros humanos, não acederam à humanidade. É isso: somos humanos entre humanos e com humanos. Apesar da experiência, que também fazemos, da solidão metafísica - cada um é ele, ela, de modo único e intransferível -, não há dúvida de que só na relação nos fazemos. O individualismo atomista contradiz a humanidade que somos.

Sobre este fundo, concretizando, podemos perguntar: como poderíamos realizar a nossa humanidade, em todas as suas possibilidades, sem a cooperação de todos? Este texto, por exemplo, implica a presença de uma língua que eu não criei, um conjunto de referências culturais com que fui dialogando, foi enviado por e-mail, alguém tratou dele e o publicou e depois o distribuiu... Uma rede incalculável de relações, umas conhecidas e outras não. Se pensarmos bem, estamos unidos com todos, nesta pequena aldeia, que é o nosso planeta, incluindo os do passado, que nos permitiram chegar até onde nos encontramos, com telecomunicações, automóveis, electricidade, aviões, televisão, internet e o mundo todo das ideias e os seus debates... Até quando tomo o pequeno-almoço, penso nisso: naqueles que, lá longe, colheram o café e o transportaram e o preparam.

O que somos somo-lo na cooperação de muitos, de todos. Isto é a sociedade, no quadro de divisão de trabalhos, de carismas, de esforços em comum.

Mas, aqui, surge o busílis da questão: quem manda? É o tremendo problema do poder. Porque - não se pode ser ingénuo - onde há muita gente, alguém tem de comandar. Ora, se todos fossem bons, generosos, numa palavra, éticos, esta magna questão não seria questão, pois apenas teríamos necessidade de alguém que coordenasse os esforços, as tarefas, os carismas. Todos obedeceriam às normas, ninguém transgrediria, não haveria clientelismos nem salários escandalosos, todos procurariam o maior bem de todos. Como é sabido, de facto não é assim.

Se todos fossem éticos, não seria necessária a política no sentido estrito da palavra: tomada e organização do poder no quadro do Estado que detém o monopólio da violência. Na realidade, nos seres humanos, há bondade e maldade, alguns ou muitos são preguiçosos e querem viver à custa dos outros, há os ladrões, os corruptos e os corruptores, os violentos, e somos todos interesseiros e egoístas. E lá está a política como arte de congregar esforços para o bem comum, no quadro de leis que devem ser justas e equitativas e no sentido de harmonizar interesses, na paz possível, evitando a violência.

A política não tem por finalidade tornar os homens moralmente bons, muito menos, santos - é necessária, precisamente porque não somos éticos. Aqui, ergue-se o paradoxo: não há política ética, o que há são homens e mulheres éticos ou não na política. Como também os políticos são homens e mulheres, com virtudes e vícios, a política é um exercício complexo e sempre instável, exigindo um aperfeiçoamento constante. De facto, o que se passa, quando a política fica subordinada ao poder económico e financeiro? Ou se se der uma cartelização dos partidos?

Quando se olha para o presente estado de coisas, percebe-se que a própria democracia não é uma aquisição definitiva. Então, o que falta no meio do deserto ético? Precisamente a conversão ética, porque a multiplicação de leis e a sua sanção acabam por levar a um labirinto sem saída. Mas, desgraçadamente, as instituições mais responsáveis pela transmissão dos valores éticos estão a abrir falência: a família, a escola, a Igreja. A situação pode tornar-se explosiva.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

17 de fevereiro de 1856. Morre o poeta que disse que a religião é ópio


Heinrich Heine (13 de dezembro de 1797 – 17 de fevereiro de 1865), alemão de ascendência judaica, um dos últimos poetas românticos, foi um crítico da religião. Escreveu em 1840: “Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança”.

Marx inspirar-se-ia nesta frase para cunhar a expressão “religião ópio do povo”, na “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, de 1844.

Heine deixou também uma frase frequentemente citada, quase sempre sem o autor: “Aqueles que queimam livros, acabam cedo ou tarde por queimar homens”.

Cúpula da Igreja cada vez mais europeia


No "Público" de hoje (para ler, o melhor é clicar copiar a imagem para o computador).

O que o novo cardeal diz é que a mulher deve poder ficar em casa



No "Correio da Manhã" de hoje. O título engana. O novo cardeal não diz que a mulher "deve ficar em casa". Diz que "deve poder ficar em casa", o que é totalmente diferente. Quem tem filhos menores, por muito liberal que seja, sabe que o bispo tem razão (ainda que se possa acrescentar que tal possibilidade também faça algum sentido aplicada ao homem). No entanto, três verbos seguidos num título deve causar urticária aos editores do CM.

Quantas pessoas trabalham no Vaticano?

Um dia perguntaram a João XXIII:
- Quantas pessoas trabalham no Vaticano?
O Papa respondeu:
- Cerca de metade.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

16 de fevereiro de 1990. Morre o artista Keith Haring



Keith Haring morreu de sida no dia 16 de fevereiro de 1990. Novaiorquino, homossexual assumido, dizia que se ele não apanhasse o vírus, ninguém mais apanhava. Quando soube que estava seropositivo, numa época em que a doença dava pouco tempo de vida, criou uma fundação para ajudar crianças com sida. Morreu com 31 anos.

Deixou uma obra nas artes plásticas que é das mais reconhecidas dos anos 80-90, ou mesmo da segunda metade do séc. XX.


Para a Catedral de S. João Divino, em Nova Iorque, sede da diocese episcopal (comunhão anglicana), criou este tríptico. Foi a sua última escultura. Nesta catedral viriam a realizar-se as cerimónias fúnebres do artista.


Keith Haring não era um artista religioso. Aliás, diz-se que a temática homo-erótica é a mais presente nas suas obras. Mas a temática religiosa também o inspirou. Ou, pelo menos, aquilo que podemos relacionar diretamente com temas cristãos.

Um passarinho que canta num bosque de espinhos - Texto de João XXIII


Uma nota característica deste retiro espiritual tem sido uma grande paz e alegria interior, que me encoraja a oferecer-me ao Senhor, em ordem a qualquer sacrifício que Ele queira pedir-me. Desejo que esta tranquilidade e esta alegria penetrem cada vez mais, por dentro e por fora, toda a minha pessoa e toda a minha vida. [...] Terei muito cuidado na guarda deste gozo interior e exterior. [...] Para mim, deve ser um convite perene a imagem de São Francisco de Sales que, entre outras, gosto de repetir: eu sou como um passarinho que canta num bosque de espinhos.

Assim, pois, poucas confidências sobre o que possa fazer-me sofrer. Muita discrição e indulgência no meu juízo acerca das pessoas e das situações; inclinação para orar especialmente por quem for para mim motivo de sofrimento; e, em tudo, grande bondade e paciência sem limites, lembrando-me de que qualquer outro sentimento [...] não está de acordo com o espírito do Evangelho nem da perfeição evangélica. Prefiro ser considerado um pobre homem, desde que, a qualquer preço, faça triunfar a caridade. Deixar-me-ei esmagar, mas quero ser paciente e bom até ao heroísmo.

Papa João XXIII (1881-1963), “Diário da alma”, 1930, durante um retiro em Rusciuk.

Conspiração vaticana na "Visão"

Da "Visão" de hoje. Entretanto, parece que já encontraram a toupeira do Vaticano. A seguir.

Fátima com os azeites

E agora a notícia toda do "i" (de hoje):




É de ir aos azeites


Capa do "i" de hoje. O gráfico estava inspirado para pôr uma garrafa de azeite no lugar de Nossa Senhora. Pessimamente inspirado. É capaz de ofender alguém. Mas o que irrita, em primeiro lugar, é a falta de inteligência numa imagem destas, o mau gosto, a cedência à facilidade.


De resto, Fátima há muito que está nos mundo dos negócios. E o azeite, ao contrário do que o título na primeira página pode dar a entender, não tem nada a ver com os 17,2 milhões de euros de 2005.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Vasco Graça Moura também fala da "Pietà" de Aranda

Vasco Graça Moura também reflete sobre a "Pietà" de Samuel Aranda, foto premiada pela World Press Photo.
A imprensa salientou, justamente, a sua relação formal com a Pietà. Uma composição triangular, em que uma mulher velada segura o corpo de um homem. Não sabemos se é seu filho ou não. Não sabemos se está morto ou apenas ferido. Não sabemos a idade que ela e ele têm. Mas sabemos o que nos lembra. 
Se historicamente uma cena semelhante ocorreu na morte de Jesus, esta imagem é muito mais "realista" na representação correspondente à mãe, do que a de Miguel Ângelo na vibração renascentista esplendorosa da sua Pietà.

E se é certo que um episódio ocorrido no Iémen não tem nada a ver com a morte do nazareno, também é certo que nós não conseguimos lê-lo sem esse referente iconológico fortíssimo da tradição ocidental. Os clássicos ajudam-nos a interpretar o mundo.
Ler texto todo aqui.

Eco: "Só lamento que não exista um ensino da história das religiões"


O cuacre mais célebre 
Nas escolas italianas, Homero é obrigatório, César é obrigatório, Pitágoras é obrigatório, só Deus é facultativo. Se o ensino religioso se identificar com o do catecismo, católico, no espírito da Constituição deve ser facultativo. Só lamento que não exista um ensino da história das religiões. Um jovem termina os seus estudos e sabe quem era Poséidon e Vulcano, mas tem ideias confusas acerca do Espírito Santo, pensando que Maomé é o deus dos muçulmanos e que os quacres são personagens de Walt Disney.
Umberto Eco citado por Anselmo Borges em "Religião e Diálogo Inter-Religioso", Imprensa da Universidade de Coimbra (p. 95).

Uma espécie de Wikileaks no Vaticano



Há fugas graves de informação do Vaticano, uma espécie de Wikileaks, como afirma o chefe da Sala de Imprensa.
El portavoz de la Santa Sede, Federico Lombardi, denunció hoy la existencia de una especie de «Wikileaks» o filtración de documentos vaticanos que, según su opinión, intentan desacreditar a la Iglesia. «Hoy tenemos que tener todos temple, porque nadie se puede sorprender de nada. La administración americana ha tenido «Wikileaks» y el Vaticano tiene ahora su «leaks», sus filtraciones de documentos, que tienden a crear confusión y desconcierto y a ofrecer una mala imagen del Vaticano y del gobierno de la Iglesia», afirmó Lombardi en una nota que publica hoy Radio Vaticano.
Casos recentes foram a pretensa conspiração para assinar o Papa e as denúncias de má gestão e corrupção nas costas do Vaticano. Ler mais aqui.


Para aumentar a confusão, o bispo Bettazzi, emérito de Ivrea, disse numa rádio que o Papa pensa em renunciar. No "La Repubblica":
O bispo não acredita que exista um complô para matar o Papa Ratzinger, como especulado pela imprensa. "Não, não acredito. Se fosse o papa anterior, eu entenderia, mas este papa aqui me parece muito manso, religioso. Não poderia encontrar os motivos para atacá-lo".

Bettazzi, porém, tem outra teoria, de algum modo relacionada com a notícia. "Acho que é um sistema para preparar a eventualidade da renúncia. Para preparar esse choque – porque a renúncia de um papa seria um choque – começam a jogar ali a coisa do complô".

Mas Ratzinger realmente tem a intenção de renunciar? "Eu acredito que sim", disse o purpurado, "embora tenham negado. Um velho cardeal, porém, sempre me dizia: se o Vaticano desmente, quer dizer que é verdade...". E os motivos da renúncia do papa poderiam ser encontrados no cansaço. "Penso que ele se sente muito cansado. Basta vê-lo. É um habituado aos estudos", explica Bettazzi. "E diante dos problemas que existem, talvez também diante das tensões que existem dentro da Cúria, ele poderia pensar que o novo papa se ocuparia com essas coisas", disse Dom Bettazzi.
Lido aqui.

Regras para viver na Cúria (do Vaticano)

O consultor de uma congregação organizou os cinco «não» para se sobreviver na Cúria:


Não penses.
Se pensas, não fales.
Se pensas e falas, não escrevas.
Se pensas e falas e escreves, não assines como teu tome.
Se pensas e falas e escreves e assinas como teu nome, não fiques surpreendido.


Lido em Thomas J. Reese, "No Interior do Vaticano", Publicações Europa-América, p. 197 (Thomas J. Reese é padre jesuíta).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

14 de fevereiro de 869. Morre o inventor do alfabeto cirílico

 Кѷриллъ

Cirilo em cirílico


Cirilo não era Cirilo de batismo. Era Constantino. E Metódio não era Metódio. Era Miguel. Quando se tornaram monges é que os dois irmãos mudaram de nome. Havia o curioso hábito de adotar na nova vida um novo nome começado pela mesma letra do anterior. Terá vindo daí o gosto pela linguística?


Os dois irmãos, enquanto missionários dos povos eslavos, foram inventores do alfabeto cirílico (talvez mais o primeiro deles, que era mais intelectual, chegou a ser bibliotecário e ganhou o cognome de "o filósofo"), que hoje é usado por uns 300 milhões de pessoas, incluindo uma etnia chinesa.


Cirilo morreu no dia 14 de fevereiro de 869. Metódio morreu no dia 6 de abril de 885.


João Paulo II proclamou estes bizantinos pré-cisma co-padroeiros da Europa, com S. Bento. Mais tarde acrescentou mais padroeiras: Brígida da Suécia, Catarina de Sena e Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).


Da maneira que as coisas estão na Europa, hoje teria de acrescentar mais alguns patronos.

A propósito do dia dos namorados, uma reflexão do Cardeal Martini


Estou convencido de que quem governa a Igreja pode mostrar um caminho melhor do que aquele que conseguiu mostrar a encíclica Humanae vitae. A Igreja recuperará assim a credibilidade e a competência. (…) Provavelmente, o Papa não retirará do mapa a encíclica, Mas pode redigir uma nova e até ir mais longe. O desejo de que o magistério diga qualquer coisa de positivo sobre a sexualidade, justifica-se. Noutros tempos, talvez tenha havido demasiados pronunciamentos oficiais da Igreja relativamente ao sexto mandamento, Algumas vezes teria sido melhor que tivesse ficado calada.

Cardeal Carlo Maria Martini, Colóquios nocturnos em Jerusalém, pág. 132 (ed. Gráfica de Coimbra 2)

Depois de ler a primeira encíclica de Bento XVI, "Deus caritas est / Deus é amor", que julgo ser o primeiro documento papal a falar de modo positivo do amor eros, pensei que a revogação-na-continuidade da Humanae vitae estava para acontecer. Depois veio a encíclica sobre a esperança. Mas é melhor não esperar por tal.

Walter Kasper: "Há um estilo de trabalho maldoso na Cúria''



O ambiente no Vaticano, na cúria, não é nada bom. Na realidade, nunca foi. Se há ambiente mais dado a intrigas é o dos palácios do Vaticano. Todos sabem disso. O livro mais ou menos recente “O Vaticano contra Cristo” só falava disso. O carreirismo, as influências, os jogos e conluios de poder, os comportamentos dúbios e escandalosos, as mentiras, a promoção de incompetentes servis, os privilégios da casta clerical no topo da hierarquia eclesiástica (da contracapa do livro). Isto ainda no tempo de João Paulo II, que não era um homem da cúria. Tal como não é Bento XVI, de quem dizem que quando chegou à cadeira de Pedro começou a fazer uma limpeza. Se calhar não limpou tudo.


Walter Kasper, que também passou pela cúria, 10 anos, sem ser da cúria, mostra-se desiludido com o que está a acontecer. O episódio mais recente foi a publicação na imprensa de uma notícia sobre uma conspiração para assassinar o Papa em Novembro próximo - rapidamente desmentida pelo Vaticano (ler aqui o que saiu no "Il Fatto Quotidiano"). Tem o aspeto de ser algo do tipo "com a verdade me enganas". E dizendo que Scola é o mais provável próximo Papa, porque é, já não vai ser. 


A seguinte entrevista saiu no "Corriere dela Sera".

Parafraseando Churchill, se pensarmos que os inimigos da Igreja estão fora dela, enganamo-nos. Os adversários é que estão fora. Os inimigos estão dentro.

O que está acontecendo, eminência?
Veja, eu não sei se são disputas de poder ou outra coisa, e não me interesso por isso. Não está muito claro o que propõem. Talvez se queira prejudicar o secretário de Estado, atingir outras pessoas também. Certamente, o que está em jogo é a imagem de toda a Igreja. Mesmo que a nota anônima que foi entregue à imprensa esteja fora da realista, que seja ridícula: todo mundo é consciente disso, é a evidência.
 
Exatamente: além do conteúdo, o problema é que, dentro do Vaticano, há alguém que faz filtrar essas coisas para o exterior...
Eu não sei nem nunca soube muito sobre os assuntos internos do Vaticano. Nunca quis saber sobre esses lobbies, não me interessam, sou um estrangeiro na Cúria! E eu tentei fazer o meu trabalho. Por isso, sei como o papa se entristece com essas coisas.
Ratzinger passou 30 anos na Cúria Romana. Não deve estar surpreso, não?
O papa nunca entrou nesses subterrâneos. Desde quando era cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger sempre pensou em fazer o seu trabalho, em prestar o seu serviço à Igreja. Jamais se inseriu nessas disputas internas. Questão de dignidade.
O que não funciona?
É um problema de falta de eclesialidade. Quem se presta a essas coisas não tem o sentido de Igreja, de lealdade à Igreja e ao próprio Vaticano. Não, não se fazem essas coisas. Como cristão e como pessoa, penso que devemos pedir justiça, se considerarmos que sofremos um equívoco. Mas não assim. Há um estilo maldoso.
Um estilo maldoso?
Sim, esse episódio também mostra um clima de burocracia interna, um estilo de trabalho que não vai bem. Não em todos, claro. Muitos trabalham pela Igreja. Mas quem faz essas coisas é um irresponsável.
Mas qual é o estilo correto?
Se alguém quer criticar o secretário de Estado ou outra pessoa, pode fazê-lo, se tem argumentos. Fale claramente, apresente as suas objeções ao interessado direto, diga ao papa. Mas não assim, não com essas coisas anônimas que não têm credibilidade e se desqualificam por si sós. Quem tem algo a dizer deve se apresentar com o seu rosto e o seu senso de responsabilidade.
Foi um cardeal, Darío Castrillón Hoyos, que entregou ao secretário de Estado a nota anônima.
Mas isso também pode ser feito. Certamente, a nota está fora da realidade, o conteúdo é risível. Mas há pessoas que têm a responsabilidade de avaliar. Se eu recebo um sinal, informar o secretário de Estado é uma obrigação. Mas há alguém que deu o documento aos jornais; esse é o ponto. Estou muito decepcionado com esses vazamentos de notícias, dos documentos reservados às nomeações que aparecem nos jornais antes que sejam oficiais.
Quais são as consequências?
Eu sempre continuei me encontrando com as pessoas, sempre falei com o povo. Sobre esses episódios, os fiéis ficam escandalizados, e com razão. Quem faz essas coisas provoca confusão entre o povo cristão. O que está em jogo é a imagem da Igreja. E isso justamente enquanto há um pontífice que trabalha pela renovação da Igreja: ele, quando viu abusos, quis pôr ordem.
O que se pode fazer agora, eminência?
Veja, eu saberia o que dizer ao Santo Padre. Posso dizê-lo ao próprio papa, ou escrever-lhe uma carta. Depois, ele avaliará e fará ou não, como quiser. Mas certamente nunca o diria na TV ou nos jornais.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...