quarta-feira, 16 de julho de 2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

Compreender o Espírito Santo

Do "Diário Económico" de hoje. Julgo que a cronista se referia ao Espírito Santo mesmo, o original. Mas ficaram com piada, o texto e a foto.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Mulheres no episcopado

O sínodo da geral Igreja da Inglaterra (anglicana) aprovou nesta segunda-feira por esmagadora maioria a ordenação de mulheres como bispos, uma medida histórica que a dividia há anos.

Li aquiFico contente com a notícia. Um dia lá chegaremos nós, os católicos. Pena não estarmos à frente.

Um puxão de orelhas para o Eugénio ou para o Jorge Mario?

A sequência é:

- O Papa conversa com o Scalfari e diz umas coisas descontraidamente. Promotem continuar a conversa.
- Scalfari põe tudo mais ou menos do "La Reppublica".
- O resto da imprensa reproduz duas ou três frases do "La Reppublica".
- O porta-voz do Vaticano vem dizer que não foi bem isso que o Papa disse.


E parece que o puxão de orelhas, em público e em voz alta, é para o jornalista. Não sei se em privado e no silêncio não será para Francisco.

sábado, 12 de julho de 2014

A Família de Nazaré enquanto modelo para as famílias de hoje

De vez em quando, um ou outro leitor, sei lá se o mesmo entre os dois ou três que por cá passam, escreve que eu dou demasiado destaque ao que escreve o P.e Anselmo Borges (e Fr. Bento Domingues – mas esse não é para aqui chamado, agora), como se concordasse com tudo. Não concordo. Hoje, por exemplo, discordo frontalmente do último ponto do seu texto. Cito:

6. Last but not least, dito com cautela e imenso respeito: apresentar a Sagrada Família de Nazaré, tal como é comummente idealizada pela Igreja institucional e pela piedade popular, como modelo de família cristã é inadequado, para não dizer contraproducente.

Na verdade, parece-me que a família de Nazaré é bem um modelo para as famílias de hoje. 

Vejamos:

- A mãe estava grávida, e não era do marido, quando se casou.

- O casal só teve um filho, segundo a tradição, preconizando o inverno demográfico que estamos a viver.

- Segundo outras tradições, havia filhos da primeira relação de José, o que os terá levado a viver menos parte daquela realidade hoje tão comum de "os meus, os teus e os nossos”.

- Jesus só saiu de casa aos 30 anos, como acontece com muitos jovens adultos na atualidade. Demorou muito a abandonar o ninho dos pais.

- Jesus andava em jantaradas e noitadas junto ao lago. Perece que sem dinheiro. Pelo menos desprezava-o. Teria dificuldades em arranjar emprego como multidões dos jovens de hoje? A quem cravava a boa vida?

- Parece que teve problemas com os seus pais (entendamos: mãe e pai adotante) e outros familiares. Não os reconheceu em diversas situações e enfraqueceu com generalizações os laços familiares, como se tudo pudesse ser família (“A minha mãe e os meus irmãos são aqueles que…”). Estava a destruir a família tradicional ao reconhecer outros tipos de família?

Anselmo Borges: "Família em crise, desejo de família. 2"

Texto de Anselmo Borges no DN de hoje:


Há questões cruciais para a Igreja na actualidade. Uma delas, no quadro da concepção cristã da família e da sexualidade, é a da pastoral da família em crise. Sobre o carácter urgente e decisivo do tema falam a importância essencial da família como célula fundamental da sociedade e da Igreja, a sua crise e o cisma na Igreja por causa da moral sexual.

Consciente da situação, o Papa Francisco lançou, de forma inédita, um inquérito aos católicos do mundo inteiro, com 39 perguntas, pertinentes, lúcidas e sem tabus, sobre o tema. O resultado das respostas acaba de ser publicado num Intrumentum laboris (instrumento de trabalho) sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, que servirá de ponto de partida para a reflexão do sínodo dos bispos em Outubro próximo, seguido de um outro em 2015. Este deixará linhas de força para uma exortação pastoral do Papa.

Embora dirigido aos católicos, a sua leitura pode ser de enorme vantagem para quem se interessa por questão tão importante como complexa: a família. Já aqui deixei na semana passada alguns dos seus dados, referentes precisamente à importância da família e às razões da sua crise. Acrescento alguns pontos mais para a reflexão.

1. Começo por sublinhar que no documento, como aliás em todos os textos eclesiásticos, nunca se fala em casamento, mas em matrimónio. Atendendo ao étimo de casamento: casa, e de matrimónio: mater, matris, mãe, percebe-se que a designação não é arbitrária.

2. Trata-se de uma síntese das respostas vindas de todo o mundo. Assim, faz-se eco da variedade da concepção de família e das suas dificuldades, segundo a diversidade de culturas. É dito, por exemplo, que várias conferências episcopais de África, Oceânia e Ásia oriental referem que "nalgumas regiões é a poligamia que se considera natural", o mesmo sucedendo com o repúdio de uma mulher que não pode ter filhos. Pense-se igualmente no "feminicídio", no casamento por etapas, na promiscuidade sexual em família e no incesto.

3. Há uma tomada clara de consciência da cisão entre a doutrina oficial da Igreja e a prática dos fiéis em temas como a contracepção, a participação dos divorciados recasados nos sacramentos, as relações pré-matrimoniais, a própria homossexualidade e a adopção.

4. Uma linha de fundo perpassa o texto: mesmo mantendo, no essencial, a doutrina tradicional católica, há uma nova atitude pastoral de compreensão e misericórdia para quem está em situação de irregularidade canónica: "A família encontra-se objectivamente num momento muito difícil, com realidades, histórias e sofrimentos complexos que requerem um olhar compassivo e compreensivo". Isso também é válido para os homossexuais: "Não existe qualquer fundamento para assemelhar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família. Não obstante, os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com respeito, compaixão, delicadeza. Evitar-se-á a seu respeito todo o sinal de discriminação injusta." Todas as crianças, seja qual for a situação dos pais, serão acolhidas com carinho pela Igreja.

5. Numa análise crítica, penso que há concretamente dois pontos que precisam de mais reflexão. Não sendo o ser humano uma essência fixada, será preciso aprofundar toda a questão da "lei natural". O que é a natureza? Dever-se-á ir também mais fundo no referente à chamada gender theory.

Assim, e a partir de uma nova hermenêutica da "paternidade responsável", a contracepção será vista a nova luz. Também será necessário rever o acesso dos divorciados recasados aos sacramentos.

6. Last but not least, dito com cautela e imenso respeito: apresentar a Sagrada Família de Nazaré, tal como é comummente idealizada pela Igreja institucional e pela piedade popular, como modelo de família cristã é inadequado, para não dizer contraproducente.

Ler aqui Família em crise, desejo de família. 1

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Frargentina contra Bentalemanha

A Renascença compilou imagens sobre a final do mundial e os dois Papas (prefiro insistir dois bispos de Roma; um é emérito). Ver aqui.



Mas não está lá esta.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Anselmo Borges: Família em crise, desejo de família. 1

Texto de Anselmo Borges no DN de sábado passado:

Quem porá em dúvida o valor essencial da família como lugar predilecto dos afectos, do amor, da partilha, célula fundamental da sociedade, espaço privilegiado para ter filhos e educá-los?

Sobre tema tão fundamental o Papa Francisco quis saber, em tempos de crise, o que verdadeiramente se passa. E saber directamente, não por intermediários, pois estes vão frequentemente ao Vaticano dizer apenas o que julgam que o Papa e a Cúria querem ouvir.

A síntese das respostas dadas, por diversos meios, pelos católicos do mundo inteiro ao famoso inquérito papal sobre a família, com 39 perguntas, foi publicada na semana passada pelo Vaticano. Esse documento de mais de 80 páginas servirá de base para o debate do próximo Sínodo dos bispos de todo o mundo sobre a família, a realizar em Roma de 5 a 19 de Outubro próximo.

Um dos pontos mais sublinhados pelo documento refere-se precisamente à importância da família. Ela é "núcleo vital da sociedade e da comunidade eclesial", a "célula fundamental da sociedade, o lugar onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer a outros". "A família é reconhecida no povo de Deus como um bem inestimável, o ambiente natural de crescimento da vida, uma escola de humanidade, de amor, de esperança para a sociedade"; "reconhecida como o lugar natural para o desenvolvimento da pessoa, é também o fundamento de toda a sociedade e Estado"; ela é definida como a "primeira sociedade humana", "o lugar no qual se transmitem e se podem aprender desde os primeiros anos de vida valores como a fraternidade, a lealdade, o amor pela verdade e o trabalho, o respeito e a solidariedade entre as gerações bem como a arte da comunicação e da alegria. É o espaço privilegiado para viver e promover a dignidade e os direitos do homem e da mulher. A família, baseada no matrimónio, representa o âmbito de formação integral dos futuros cidadãos de um país". "A primeira experiência de amor e de relação tem lugar na família: sublinha-se a necessidade de que cada criança conte com o amor e o cuidado protector dos pais e viva uma casa onde habita a paz."

O documento é notável. Conseguiu em pouco tempo fazer uma síntese clara e integrada - reconheça-se que era uma tarefa dificílima - das respostas recolhidas pelas conferências episcopais de todo o mundo ou enviadas directamente por outros organismos. E há razões sérias para considerá-lo fidedigno, pois até reconhece inequivocamente as dificuldades e mesmo alguma "resistência" de boa parte dos católicos quanto à aceitação integral dos ensinamentos da Igreja sobre múltiplos temas: controlo da natalidade, o divórcio e novo casamento, as relações pré-matrimoniais, a fidelidade, as uniões de facto, o casamento à experiência, a homossexualidade, a fecundação in vitro, etc.

Embora se dirija directamente aos católicos e no quadro do pensar católico, o documento é mais abrangente, mesmo quando apresenta razões da crise da família e, mais concretamente, da moral familiar. Referindo as respostas recebidas, diz: "Existe unanimidade também no que se refere aos motivos de fundo das dificuldades, quando se trata de acolher os ensinamentos da Igreja: as novas tecnologias; a influência dos meios de comunicação social; a cultura hedonista; o relativismo; o materialismo; o individualismo; a secularização crescente; o facto de prevalecerem concepções que conduziram a uma excessiva liberalização dos costumes em sentido egoísta; a fragilidade das relações interpessoais; uma cultura que rejeita decisões definitivas, condicionada pela precariedade, a provisoriedade, própria de uma "sociedade líquida", do "usar e deitar fora", do "tudo e imediatamente"; valores sustentados pela denominada "cultura do descarte" e do "provisório", como recorda frequentemente o Papa Francisco".

E lá está a constatação: apesar da crise, há testemunhos significativos nos quais "se manifesta claramente, sobretudo nas novas gerações, um renovado desejo de família". Voltarei ao tema e suas dificuldades no próximo sábado.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Mais uma entrevista sobre o Papa

Mais uma entrevista com quase todos os lugares comuns sobre Francisco. Na "Sábado" desta quinta.




Defesa

Se a vós, magistrados do Império romano, que na vossa alta posição presidis publicamente à justiça lá quase no cimo da cidade, não é lícito indagar abertamente e examinar na presença de todos o que haja por detrás da questão dos cristãos; se, neste caso tão somente, a vossa autoridade tem medo ou tem pejo de uma diligente e justa devasse pública; e se, como recentemente se passou, a ânsia de atacar esta nossa seita - ânsia muito atreita a denúncias domésticas - tapa simplesmente a boca à defesa... deixai que a verdade vos chegue aos ouvidos, pela via oculta, ao menos, destas letras silenciosas.

Tertuliano, n.º 1 de "Apologético"

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Eyal, Gilad e Naftali e o outro jovem de quem não se sabe o nome

Hoje, os meninos estão mortos, vítimas de uma cultura de ódio que cresce imparável em toda a região. Israel e todo o mundo judaico choram os seus filhos, porque cada homem, cada mulher, cada criança morta é um pouco do seu próprio coração que se quebra.
Esther Mucznik escreveu esta frase no "Público" de hoje. Refere-se aos jovens israelitas Eyal, Gilad e Nafatli (onde já ouvimos estes nomes?), que foram raptados no dia 12 de junho e assassinados no último dia do mês passado.

Um adolescente palestiniano foi raptado e morto no que se suspeita ser um ataque de vingança pela morte de três jovens israelitas encontrados mortos depois de mais de duas semanas desaparecidos.
O governo israelita (como a autoridade palestiniana, que condenara o rapto dos israelitas) veio dizer que não é admissível a lei de talião.
Benjamin Netanyahu já reagiu à notícia mencionando um “crime abominável”, pediu uma investigação rápida ao crime e apelou aos israelitas para não “tomarem a justiça nas suas mãos”.
A cultura de ódio, com escreve Mucznik, cresce imparável em toda a região, apesar do sinal dos dirigentes políticos com o Papa.

Livro do padre da televisão

Um livro que ando a ler com muito gosto.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Os bispos e o sofrimento

Mais um bispo ao lado dos que sofrem (li e na Ecclesia). Estão todos ao lado dos que sofrem. Ainda não vi nenhum que dissesse que não está ao lado dos que sofrem. Mas se estão mesmo, emitam bem o não estar. Nota-se pouco, tirando um caso ou outro (como aquele que cumprimentou a romena que pedia à porta da sé, quando todos, eu incluído, nunca lhe dei a mão - mas serviu de lição), mesmo que vivam na simplicidade, como vive a grande maioria.

E por falar em bispos, vivendo numa diocese vacante, garantira-me ontem, com nomes e datas, que já houve um nomeado para Aveiro. Era auxiliar. O titular da diocese de que era e é auxiliar simplesmente disse: "Não". E, portanto, começou tudo do zero. Até lá para dezembro. Uma vergonha para quem quer que sejam os responsáveis.

domingo, 15 de junho de 2014

Anselmo Borges: "Jerusalém e Roma"

Já temos pás. Falta a paz

Artigo de Anselmo Borges no DN de ontem:


A política está em tudo mas não é tudo. A oração também pode ser força política. E condição essencial para a paz é a conversão interior, do coração. Por outro lado, a História não está pré-escrita em parte alguma e, por isso, é preciso construí-la e ao mesmo tempo ter a capacidade de se deixar surpreender por ela. Cá está: quem poderia supor há apenas um mês que seria possível o Presidente de Israel, Shimon Peres, e o Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, encontrarem-se no Vaticano para rezar? Mas o inesperado, o que se diria impossível, aconteceu.

Na sua visita à Jordânia, à Palestina e a Israel, inesperadamente, o Papa Francisco desafiou os dois presidentes para um encontro na "sua casa", no Vaticano, para rezarem pela paz. E essa oração histórica ocorreu nos jardins do Vaticano, no domingo passado, dia 8, com a presença de um quarto convidado, o patriarca ortodoxo Bartolomeu, de Constantinopla. O abraço dos dois líderes, palestiniano e israelita, com o Papa como testemunha, fica para a História. "Que Deus te abençoe!", disse Peres a Abbas, saudando-o. E Francisco: "Sim ao diálogo e não à violência; sim à negociação e não à hostilidade; sim ao respeito pelos pactos e não às provocações. Senhor, desarma a língua e as mãos, renova os corações e as mentes: Shalom, paz, salam".

Após um breve intróito musical, seguiu-se a oração. No centro, Abbas, Francisco e Peres, à esquerda, Bartolomeu. De um lado e de outro, representantes das três religiões abraâmicas, também ditas monoteístas, proféticas e do Livro, e dos governos palestiniano e israelita. Por ordem histórica, a primeira oração coube aos judeus, seguindo-se os cristãos e os muçulmanos. Louvou-se a Deus pela Criação, pediu-se perdão pelos pecados, ergueram-se súplicas pela paz entre judeus e palestinianos, na Terra Santa, em todo o Médio Oriente, para toda a humanidade. No fim, um novo abraço e um gesto simbólico: os quatro líderes plantaram uma oliveira. A paz "não será fácil, mas lutaremos por ela no tempo que nos resta de vida".

Se, como escreveu a grande filósofa Hannah Arendt, também a economia é um problema teológico, eu diria que a Palestina o é muito mais. Para quem quiser aprofundar a questão, pode ler as duas obras monumentais do teólogo Hans Küng: O Judaísmo e O Islão.

Como é sabido, em 29 de novembro de 1947, por maioria sólida e com o beneplácito dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, as Nações Unidas aprovaram a divisão da Palestina em dois Estados: um Estado árabe e um Estado judaico, com fronteiras claras, a união económica entre os dois e a internacionalização de Jerusalém sob a administração das Nações Unidas. Note-se que, apesar de a população árabe ser quase o dobro e os judeus estarem então na posse de 10% do território, ficariam com 55% da Palestina.

O mundo árabe rejeitou a divisão. Mas, à distância, mesmo admitindo a injustiça da partilha e as suas consequências - é preciso pensar na fuga e na expulsão dos palestinianos -, considera-se que a recusa árabe foi "um erro fatal" (Küng). Aliás, isso é reconhecido hoje também pelos palestinianos, pois acabaram por perder a criação de um Estado próprio soberano pelo qual lutam.

Como se tornou claro, a guerra não gera a paz, que só pode chegar mediante o diálogo, a diplomacia, cedências mútuas, com dois pressupostos fundamentais: o reconhecimento pelos Estados árabes e pelos palestinianos do Estado de Israel e o reconhecimento por parte de Israel de um Estado palestiniano viável, soberano e independente. E Jerusalém: internacionalizada?

O conflito do Médio Oriente é sobretudo político. Mas lá não haverá paz enquanto os membros das três religiões monoteístas, que se reclamam de Abraão, se não tornarem politicamente activos, impedindo o fanatismo religioso. Com base nos seus livros sagrados - Bíblia hebraica, Novo Testamento, Alcorão -, judeus, cristãos e muçulmanos devem reconhecer-se mutuamente e lutar a favor da paz. Esta é a mensagem de Roma para Jerusalém.

sábado, 14 de junho de 2014

Relendo a "Caritas in veritate"

Relendo a "Caritas in veritate", de Bento XVI. Temos aqui o melhor documento para o panorama económico e financeiro da atualidade. Não tem tantos chavões, frases fortes, lugares-comuns, parangonas. Mas tem o equilíbrio que não leva ao repúdio impulsivo. Bem sei, para os tempos das reações instantâneas e epidérmicas não serve. É mais fácil ler (ou ouvir) quatro palavras e não pensar do que ter de refletir.
(N.º 65) Em seguida, é preciso que as finanças enquanto tais — com estruturas e modalidades de funcionamento necessariamente renovadas depois da sua má utilização que prejudicou a economia real — voltem a ser um instrumento que tenha em vista a melhor produção de riqueza e o desenvolvimento. Enquanto instrumentos, a economia e as finanças em toda a respectiva extensão, e não apenas em alguns dos seus sectores, devem ser utilizadas de modo ético a fim de criar as condições adequadas para o desenvolvimento do homem e dos povos. É certamente útil, se não mesmo indispensável em certas circunstâncias, dar vida a iniciativas financeiras nas quais predomine a dimensão humanitária. Isto, porém, não deve fazer esquecer que o inteiro sistema financeiro deve ser orientado para dar apoio a um verdadeiro desenvolvimento. Sobretudo, é necessário que não se contraponha o intuito de fazer o bem ao da efectiva capacidade de produzir bens. Os operadores das finanças devem redescobrir o fundamento ético próprio da sua actividade, para não abusarem de instrumentos sofisticados que possam atraiçoar os aforradores. Recta intenção, transparência e busca de bons resultados são compatíveis entre si e não devem jamais ser separados. Se o amor é inteligente, sabe encontrar também os modos para agir segundo uma previdente e justa conveniência, como significativamente indicam muitas experiências no campo do crédito cooperativo.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...